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Hitman: Vale a pena?

por Thiago Barros
Hitman: Vale a pena?

2 - Selo de OuroHitman está de volta: o Agente 47 estreia no PlayStation 4 mais criativo do que nunca, mas formato de episódios deixa “gostinho de quero mais” no aguardado lançamento.

Hitman já se disfarçou de quase tudo nestes 16 anos no mercado dos games. O Agente 47 é um mestre dos disfarces, o que lhe ajuda a assassinar seus alvos sem deixar rastros no caminho. Mas, duvido que você já imaginou o carequinha mais perigoso do planeta em um camarim fazendo maquiagem prestes a entrar em uma passarela para desfilar. Pois bem, isso pode acontecer em “Hitman”, novo game da franquia, lançado nesta sexta-feira (11).

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Disponibilizado com uma proposta bastante ousada da IO Interactive, Hitman é dividido em “episódios”, como uma série de TV. Nesta sexta (11), foi lançado apenas o primeiro, além do seu prólogo, que já havia sido liberado em forma de beta jogável na pré-venda e para assinantes da PS Plus.

Será que a estratégia deu certo? A estreia do Agente 47 nesta geração honra sua tradição? O jogo não tem muito pouco conteúdo para um lançamento?

Paris: Episódio 1

O que a versão beta mostrou se repete no começo do jogo final. O início do Agente 47 na ICA. Sua chegada, sob desconfiança, e seu treinamento. É preciso fazer uma missão em uma festa num iate pelo menos duas vezes, além de outra em um aeroporto. Todas são situações simuladas pela agência para testar a capacidade do 47. Há dicas, como num tutorial, e o seu progresso é bem guiado pelo próprio game.

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Depois disso, começa o jogo de verdade. A missão em Paris. Os alvos são um casal bastante influente no mundo da moda, mas que também tem uma organização secreta de vazamento de informações confidenciais de diversos times. O cenário para a tentativa de assassiná-los é um desfile, organizado pela companhia deles, em um belo (e enorme) palacete francês, recheado de gente e de possibilidades para o ataque.

Criatividade: o ponto-forte do jogo

Vamos tomar o máximo de cuidado possível para não dar spoilers do que acontece e de tudo que está ao dispor do jogador neste primeiro “contrato” de Hitman. Porém, precisamos fazer uma observação sobre a criatividade dos desenvolvedores. A variedade de disfarces e todos os recursos que você pode explorar para atrair a atenção dos alvos e derrotá-los é incrível. O Agente 47 de modelo é apenas um deles.

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São vários tipos de funções que você pode fingir realizar para se aproximar e cumprir a sua missão. E o legal é que o próprio jogo dá algumas “sugestões”, que são os desafios, exibidos no menu de briefing da missão. Você pode completá-la de qualquer forma que quiser, porém, seguindo algumas sugestões (como matar um inimigo usando a arma tradicional do Agente, ou chamar a atenção de um guarda jogando algo no chão), você ganha mais pontos.

Este mundo de possibilidades e a liberdade que o jogador tem para circular no cenário e tentar encontrar novas formas de eliminação dos alvos faz com que o game, mesmo com só uma fase, seja viciante, desafiador e estimulante. Faz você pensar em tudo o que pode fazer para tornar sua campanha ainda mais perfeita. Ainda mais que ao fim da missão, você pode ver suas estatísticas e comparar com os líderes mundiais nas pontuações.

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E se você cansar de derrotar sempre os mesmos alvos, há também o modo Contratos, que oferece objetivos um pouquinho diferentes, dentro da mesma missão. É uma boa maneira de testar suas habilidades em Hitman. Além dos Alvos Elusivos, que aparecem somente por um determinado período de tempo, sem muitas dicas vindas do jogo, e devem ser eliminados pelos usuários para ganhar um bônus. E as próprias missões do prólogo.

Tudo isso com a jogabilidade característica de Hitman, que mantém a mecânica que sempre deu certo na fórmula. Muitos passos agachado, diversos disfarces para usar, locais para por os corpos dos mortos e várias formas de matar. Tudo funciona muito bem. Ou melhor, quase tudo, porque o loading é demorado demais e também há algumas quedas de framerate que causam incômodo.

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Visualmente, Hitman não empolga. É um jogo bem trabalho, até bonito, mas nada que salte aos olhos. As cinematics do trailer “Legacy”, por exemplo, eram lindas, porém a qualidade das cutscenes do jogo e, claro, do gameplay, não é tão bem detalhada. Em termos gráficos, a franquia chegou à atual geração na média do que se espera para jogos deste tipo. Ou seja, está aceitável, mas não merece aplausos.

The Sarajevo Six

Os jogadores do PlayStation 4 terão acesso a seis contratos exclusivos em Hitman. Os alvos são os representantes do grupo Os Seis De Sarejevo. É uma espécie de sidequest do game e que também será episódica. Nesta season premiere, só o primeiro contrato, cujo alvo é Scott Sarno, um dos muitos convidados para o desfile da missão inicial. Novamente, eis mais uma tarefa para fazer, mas sempre no mesmo local.

O que vem por aí

Serão cinco novos destinos a serem visitados pelo Agente 47 neste ano. Em abril, chegará a missão Sapienza, na Itália. Em maio, Marrocos. Depois, no segundo semestre, Tailândia, Estados Unidos e Japão. Todos devem ser vendidos como DLCs singulares, mas também é possível comprar o Upgrade Pack, para quem comprou só o Primeiro Episódio, ou então a experiência completa do jogo, que inclui todo o conteúdo.

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Após este primeiro episódio, a expectativa para o futuro é grande. O enorme mapa em Paris, a ótima jogabilidade e os desafios à parte das missões principais deixam aquele gostinho de quero mais. O único problema, que desanima até, é saber que só chegaremos à conclusão de tudo no final do ano. Sem contar que, de hoje até o lançamento da primeira DLC, nós não vamos jogar tanto assim o game, porque certamente ficará repetitivo.

Episódio 2: Sapienza

De Paris para Sapienza. De um desfile de moda para invadir uma mansão cheia de guardas para assassinar um playboy milionário à beira do mar. A viagem de Hitman chega à Itália no segundo episódio do novo game do Agente 47, e mostra-se ainda mais ambiciosa do que no capítulo inicial. Um cenário enorme, que permite muitas variações nas estratégias para alcançar os objetivos, é o grande destaque.

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Visualmente, Sapienza chama a atenção por ser um cenário com muitos elementos externos. A praia é super bem feita, os becos da cidade, lojas, prédios, e toda a ambientação, no geral, é perfeita. Graficamente, não chega a ser nota 10 em termos de impressionar pela beleza ou por detalhes super reais, mas o fato de ser um local enorme e com muitas opções de exploração agrada demais.

HITMAN

Uma das coisas mais legais de Hitman é matar/nocautear alguém e se vestir como aquela pessoa. Neste Episódio II do jogo, o Agente 47 pode se disfarçar de maneiras super diferentes e interessantes. Dentre as mais curiosas estão um Hippie, com direito a um baseado, e um Florista, que pode usar um buquê de flores como desculpa para se infiltrar na mansão.

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O que Sapienza mostra é como o modelo de Hitman pode acabar dando certo caso as missões sejam amplas, bem ambientadas e com variedades de possibilidade como acontece nesta. O mapa é cheio de vida e de segredos, sem falar nos contratos à parte da missão principal. No geral, o segundo capítulo de Hitman tem tudo de bom que o primeiro episódio deixou e mais.

Episódio 3: Marrakesh

Uma das missões mais complicadas da história de Hitman, o episódio 3 do retorno do Agente 47 é bem diferente dos dois primeiros, Paris e Sapienza. Sabe aquelas várias oportunidades de disfarces? Os esconderijos e variações de assassinatos? Não será tão fácil usar a criatividade em um cenário com um enorme mercado a céu aberto em Marrocos.

São muitas pessoas com os olhos (quase) o tempo todo em tudo, seus alvos são muito bem protegidos pelos seguranças, além de haver uma variação enorme de ambientes no mapa. Mas como 47 é um assassino profissional, ele consegue realizar a missão, se você usar as estratégias corretas e tiver muita paciência. No entanto, para quem busca variações, pode ser um pouco chato.

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Neste episódio, o objetivo é matar um banqueiro sueco que desviou US$ 7 bilhões, porém foi descoberto. Ele está na embaixada da Suécia em Marrakesh, e atraiu uma série de protestantes para o local. Um dos líderes desta manifestação é um general, que quer aproveitar o caos, para tentar aplicar um golpe na política.

A grande questão aqui é que os dois praticamente não se encontram – a não ser que você faça uma estratégia muito específica para colocar frente a frente os dois rivais. De resto, você tem que rodar bastante, ter muita paciência, acabar com um e depois matar o outro. Claro, tudo isso sem dar qualquer indício de sua presença.

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Até é possível encontrar algumas oportunidades no meio deste “caos”, porém não é algo simples e também não tem muita coisa de diferente a se fazer. No geral, fica um pouquinho desapontador dependendo do ponto de vista. Mas para quem é fã e vem curtindo esta nova missão do Agente 47, vale a pena, sim, curtir mais este episódio.

Na nossa opinião, não é o mais divertido, mas sem dúvida é o mais difícil episódio até agora. E uma boa adição a uma série que está sendo muito bem trabalhada pela I/O Interactive. O melhor é que a empresa promete ainda mais “live content” para o mapa, o que deve torná-lo um pouco mais divertido e ainda mais desafiador.

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Episódio 4: Bangkok

O resort Himmapan é o palco para os assassinatos de 47 neste quarto episódio do game, lançado em agosto. O belo sudeste asiático, na Tailândia, é o cenário perfeito para um resort com diversas opções de exploração para matar um cantor e seu advogado, que o livrou de ser condenado por homicídio.hitman_episodio-4

Os cenários, como você pode ver na imagem acima, são lindos como todos os outros deste jogo, e como um bom Hitman, as formas de se disfarçar e assassinar também. Talvez Bangkok tenha o menor espaço de exploração da série até agora, porém isso não diminui em nada a sua diversão.

Como se passa em um hotel, a missão lembra um pouco o primeiro episódio, em Paris, até no esquema de segurança e na estrutura do prédio. A sensação que Bangkok nos passa, por isso, é de que é um nível mais fácil do que os anteriores. Marrakesh, que o antecedeu, por exemplo, era bem mais desafiador.

Mesmo assim, o episódio na Tailândia agrada. Vendo como o conjunto da obra, ele é mais uma opção de exploração e assassinato bem interessante para o “novo” Hitman, seguindo as tradições da série e mantendo o bom nível deste game.

Episódio 5: Colorado

Quatro alvos, uma fazenda repleta de inimigos e poucas oportunidades de assassinato; o episódio 5 precisa de um estilo de jogo completamente diferente do que se viu até agora neste Hitman, mas com um cheirinho de Hitman 2: Silent Assassin. O conceito de stealth é fundamental aqui.

A missão é simples: o Agente 47 tem que matar quatro alvos dentro de uma fazenda bem típica do Colorado. Mas não há distrações, nem NPCs passando a todo tempo e isso acaba deixando a tarefa ainda mais complicada. Até porque a fazenda é repleta dos inimigos defendendo os alvos.

O legal é que mesmo com um espaço não tão grande e poucas oportunidades de criar distrações, a missão no Colorado tem suas particularidades. A segurança na Fazenda tem regras rígidas quanto a presença de pessoas em certas dependências, e por isso, você tem que ter disfarces específicos para entrar em alguns locais.

O nível de desafio visto no Colorado, para mim, foi o maior até agora neste Hitman. No geral, é uma prova de que os desenvolvedores também podem fugir um pouco do que acaba sendo o lugar-comum do game, com grandes cenários que têm abordagens de vários ângulos diferentes e permitem muitas variações.

Este até permite algumas, mas se você for daqueles assassinos que não está ligando muito para fazer um trabalho silencioso, vai se complicar. O visual do episódio é o que menos empolga até agora, mas o seu nível de dificuldade e exigência acaba sendo um dos maiores do game.

Episódio 6: Hokkaido

O nome é 47, Agente 47. No melhor estilo James Bond, nosso assassino favorito chega ao Japão para o último capítulo desta primeira temporada do novo Hitman, dividido em episódios ao longo do ano, em alta e termina sua missão assim. O cenário é um hotel japonês de luxo com diferentes zonas, muitos seguranças e um detalhe interessante: você tem que coletar suas armas pelo local, não pode levá-las para a aventura.

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O objetivo é simples: matar Eric Soders, da ICA, e um advogado japonês que está pronto para divulgar ao mundo uma lista dos agentes da ICA no mundo todo. O segundo é relativamente fácil de assassinar, com uma variedade de possibilidades tradicional da série e deste game específico. Mas o primeiro, que é o alvo principal do 47 neste Hitman, certamente, vai te dar trabalho.

Sem querer dar spoilers, mas já dando, ele fica em uma mesa de operação no meio de um transplante de coração. Por um lado, é bom que ele não se move. Por outro, é uma missão super difícil porque é complicado de chegar perto dele. Seu trabalho é difícil, mas basta um pouquinho de criatividade para conseguir cumprir o seu objetivo “final”.

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O final está entre aspas por um motivo: apesar de ser o último capítulo desta “temporada” de Hitman, parece estar longe de ser o fim da história que foi iniciada lá em Paris, em março. Pelo contrário: o modo como o game acaba só dá a entender que uma “segunda temporada” está por vir em 2017. Tomara, pois, certamente a IO Interactive e a Square Enix acertaram a mão no novo jogo do Agente 47. 

Conclusão

Hitman é um baita jogo, especialmente para quem curte a série. Agora, com todos os seus episódios já lançados, e ainda com as promoções de Black Friday, ele está com um precinho bem camarada na PSN: R$ 137,99. Vale muito o investimento, pois este game supera as expectativas em muitos aspectos.

É claro, há episódios que mais se destacam, como Sapienza e Hokkaido, mas nenhum decepciona. Todos seguem a linha Hitman que consagrou esta franquia – e fazem desta “primeira temporada” da nova aventura do Agente 47 um must have para quem curte os games de tiro em terceira pessoa.

Pense em Hitman como uma série de TV mesmo, com a diferença que você paga por cada episódio. Você poderia acompanhar capítulo por capítulo ou então esperar o fim da temporada para pegar o box. Hitman The Complete First Season é o box, que pode ser comprado direto na PSN com tudo o que foi disponibilizado nos últimos meses.

É claro, quem só comprar o jogo agora perdeu os eventos ao vivo com Elusive Targets que foram disponibilizados durante a temporada e foram bastante divertidos, pois você tinha que achar uma série de alvos diferente do normal nos mapas em um determinado período de tempo.

Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.