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Mirror’s Edge: Catalyst: Vale a pena?

por Thiago Lima
Mirror’s Edge: Catalyst: Vale a pena?

Mirror’s Edge surgiu em 2008 e inovou com um gameplay diferenciado, propondo uma aventura em ritmo frenético, na qual a velocidade e a habilidade do jogador foram postas em prova para ajudar Faith em sua jornada.

Essa fórmula agradou tanto o público que tornou-se um sucesso de vendas e de repercussão entre a crítica especializada.

Agora, em 2016, foi lançado Mirror’s Edge: Catalyst, com uma proposta similar, carregando consigo toda a expectativa de sucesso que o primeiro game da franquia alcançou há 8 anos.

Após testar Catalyst, o objetivo é passar um pouco da experiência, colaborando com a avaliação do custo benefício de tê-lo na biblioteca de jogos do PlayStation 4.

História

Catalyst tem a proposta de se apresentar como um reboot da série Mirror’s Edge, indicando que uma nova história poderia ser iniciada, como forma de trazer novos ares para um enredo que foi muito bem trabalhado na primeiro título da franquia.

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Esse reinício definitivamente aconteceu, mas foi de maneira tão diferente que paira no ar uma dúvida se a história não seria uma continuação do jogo anterior.

A sensação se explica pelo fato de Faith, desde o início, estar detida por ter cometido crimes contra a chamada “ordem pública”, ou seja, a protagonista já atuava como corredora, sem ao menos contextualizar como chegou a se tornar essa profissional.

Outro ponto que traz à tona o sentimento de ser uma sequência são os personagens com os quais Faith se relaciona, praticamente os mesmos, que indicam já conhecê-la há mais tempo e estarem cientes de suas habilidades.

Os primeiros momentos da história são os de libertação de Faith, quando podemos aprender os seus movimentos básicos e um pouco mais sobre o grupo de corredores da qual faz parte.

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Em seguida, a aventura se desenrola com a protagonista sendo reintegrada ao seu bando, reencontrando antigos amigos e desafetos pelo caminho. Faith volta a ajudar aqueles em quem confia, sem perder sua personalidade forte e decidida.

As corridas são feitas para cumprir pequenos trabalhos, inclusive paralelos (nas missões secundárias), que, em sua maioria, podem ser realizadas sem grandes dificuldades, desde que não sejam perturbadoras para a KrugerSec, organização responsável pela ordem na cidade.

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As missões, além de gerarem uma remuneração útil para o pagamento de uma misteriosa dívida de Faith, também servem para irem contando, em forma de lembranças e sonhos, a história de vida da protagonista.

Justamente no cumprimento de uma dessas missões, Faith se vê envolvida em uma trama, tornando suas corridas mais complicadas, que envolvem um outro grupo muito perigoso, possuidor de planos audaciosos de controle da cidade. Assim, ao enxergar outras possibilidades e maiores ganhos, acaba colocando todo o seu grupo em uma nova jornada arriscada que tem por objetivo salvar a cidade.

Gameplay

Catalyst tem uma jogabilidade bastante simplificada, assim como foi seu predecessor, mesmo com os comandos fugindo um pouco dos tradicionais controles de jogos do gênero de primeira pessoa.

Ao contrário dos títulos de FPS comuns, Faith não tem nenhuma possibilidade de usar armas, mesmo as que são deixadas por seus adversários, sendo assim, é necessário usar de sua habilidade com as mãos e velocidade para vencê-los, independente das artefatos contra ela utilizados.

Portanto, além de correr (e muito), saltar, rolar, rastejar e tomar impulso pelas paredes, é preciso saber lutar contra os adversários, mesmo que isso não se apresente como um grande desafio.

Faith é capaz de desferir socos (golpes fracos) e chutes (golpes fortes), seja pelo alto ou no chão, mas sua dinâmica de luta do game deixa a desejar, tendo em vista que os adversários são lentos e a movimentação da corredora não condiz com suas habilidades, faltando fluidez às lutas.

Adversários perto de beirais ou parapeitos são um convite à vitória fácil, bastando direcionar os golpes para vencê-los, jogando-os (praticamente empurrando) do alto dos prédios.

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O desafio aumenta somente quando os adversários estão em grupo e armados. Nestas situações, a melhor alternativa pode ser a de fugir em velocidade para um dos refúgios de seu grupo.

Por falar nessas fugas, as corridas, de maneira geral, podem ser guiadas quando o caminho e os obstáculos ficam destacados em vermelhos, indicando o caminho a percorrer. Porém, é importante ressaltar que essa indicação é apenas uma das opções de caminho e nem sempre são as mais rápidas.

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Por isso, dependendo de seu objetivo na corrida, é necessário explorar bem o mapa, já que a Cidade de Vidro de Catalyst é um imenso mundo aberto, que oferece inúmeras possibilidade de caminhos, uns mais rápidos e outros mais fáceis que outros.

Gráficos

É possível que a qualidade gráfica do jogo seja um dos maiores problemas do título.

A primeira versão do jogo trouxe uma série de inovações importantes com boa qualidade gráfica, podendo ser considerada um importante marco na geração de consoles anterior.

Assim, 8 anos de evolução e trabalho técnico seriam suficientes para trazer mais inovação e surpreender o mundo gamer novamente com um visual mais refinado ainda. Infelizmente, tal expectativa foi tragicamente frustrada.

A DICE utilizou o motor gráfico Frosbite, que apesar de seu reconhecido desempenho, trouxe mais do mesmo, que parece ter trazido alguns personagens direto de Battlefield, por possuírem feições extremamente parecidas com a desse game, não demonstrando um capricho no detalhamento que os diferenciassem e os tornassem únicos.

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Em contrapartida, não há dúvida que as cutscenes foram muito bem realizadas, mas quando é preciso alguma interação entre personagens, durante o gameplay, os defeitos ficam mais expostos, quando a falta de qualidade fica ainda mais evidente.

Já citadas em outro item, as lutas também são exemplos de problemas gráficos. Ao aproximar a imagem, os agentes da KrugerSec, por exemplo, possuem todos a mesma feição mal elaboradas, uma movimentação pouco natural e sem muita inteligência artificial. Além disso, os golpes de Faith, principalmente os chutes, são um tanto quanto plásticos, causando estranheza nas primeiras tentativas.

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Os diálogos, importantes componentes do game, foram um pouco desvalorizados neste novo game. Por vezes, as interações com aliados são problemáticas e comprometem o início de missões principais e secundárias.

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Já o mapa e os cenários são mais bem acabados que os personagens, mesmo parecendo ter um acabamento mais simples. O branco predominante fortalece a relação do relevo, que tem um propósito importante para a movimentação em velocidade de Faith.

Os gráficos melhoram, definitivamente, quando se tratam da protagonista. Faith tem os traços bem elaborados e definidos, trazendo um visual mais moderno, diferente do primeiro título. Suas aparições nas cenas, entre os gameplays, são marcantes e fazem justiça ao seu propósito na obra.

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Legendado

Mirror’s Edge: Catalyst é legendado em Português do Brasil, facilitando a conexão dos usuários com o jogo. Assim, a compreensão do enredo acaba sendo mais direta e simplificada.

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Entretanto, o ritmo proposto, já que o objetivo de Faith é realizar suas missões o mais rápido possível, dificulta o acompanhamento total das legendas. A preocupação com os obstáculos e a velocidade, mantém o foco na corrida, impedindo uma leitura mais calma da legenda.

Mas, tirando esse pequeno contratempo, a legenda auxilia demasiadamente na experiência dos jogadores e já mostra uma parcela de preocupação da produtora em alcançar o público brasileiro, já que a dublagem requer uma estratégia e um investimento diferenciado da empresa.

Conclusão

Mirror’s Edge: Catalyst tinha um grande potencial de inovação, assim como foi seu predecessor, mas não conseguiu surpreender com algo realmente inédito.

Um reboot precisa ser algo que proporciona uma nova experiência para o jogador. Uma simples mudança das relações dos personagens não é o suficiente, mas é preciso uma forma diferente de vivenciar (ou revivenciar) o gameplay, mesmo que as histórias sejam semelhantes.

Nesse sentido, Catalyst não conseguiu alcançar seu objetivo, entregando pouco para o que os consoles da oitava geração podem oferecer.

O ponto forte do jogo é a continuidade de sua proposta de ritmo, velocidade e habilidade, que continuam desafiando os players e apresentando uma sensação equivalente ao primeiro game da franquia.

A escolha por um selo de “espere uma promoção” se justifica pela pouca inovação oferecida no game. A parte gráfica influencia diretamente somente para aqueles jogadores que se preocupam com a arte do jogo, ou seja, para quem procura somente uma jogabilidade diferenciada, o título é uma boa escolha. Mas o custo de se investir em sua aquisição, nesse período de lançamento, pode ser alto e, muito provavelmente, frustrará a expectativa criada em relação ao seu gameplay.

3 - Selo de Prata

Thiago Lima
Thiago Lima
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Jogando agora: Nada no momento.
Assessor administrativo por formação e redator gamer por paixão. Entusiasta da PlayStation e fã de The Last of Us, Uncharted e PES.