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PES 2017: vale a pena?

por Thiago Barros
PES 2017: vale a pena?

Depois da bela demo de Fifa 17, chegou PES 2017, e “eu hoje tô tão dividido, sem saber o que fazer. Uma está sempre comigo e a outra eu sempre quis ter…”

Se você é pagodeiro, certamente já emendou o resto de “Duas Paixões”, do BokaLoka, e leu esses versos no ritmo que eles cantam a música. Se não, my bad, mas joga aí esse nome no YouTube que você vai entender do que eu tô falando. Calma, sei que não está parecendo, mas isso aqui é um review do PES 2017 para PlayStation 4, sim. 

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Recentemente, publiquei um texto aqui no Meu PS4 contando um pouco da minha história de amor com a franquia FIFA. Hoje, venho falar que, assim como o BokaLoka, em 2017 já percebi que vou ter “Duas Paixões”. Afinal, o PES com quem eu me relacionei durante um bom tempo na minha adolescência está de volta.

Se FIFA é “minha namorada, que é minha amiga e eu a conheço bem”, PES é aquela “morena linda que já faz parte da minha vida”. E, ao contrário do BokaLoka, aqui tem espaço para as duas; não precisa ter dois corações, não. Eu consigo suportar o amor incomum de dois games que geram tantas brigas entre fanbases na Internet.

O melhor PES da década

Já que é final de semana e estamos cumprindo o Decreto, mandei um MIM ACHER pra esposa e virei as noites jogando PES 2017, entre um gol e outro de DESCUBRA. Acho super importante testar mesmo um jogo para fazer um review, não simplesmente fazer correndo em busca de views e esquecer de analisar algum ponto.

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Por isso, dediquei muitas horas ao game para poder escrever a frase que vem a seguir: PES 2017 é o melhor Pro Evolution Soccer desta década. Na análise da Demo, brinquei que era o melhor PES desde o Adriano Imperador na capa. Jogando a versão completa isso fica ainda mais claro.

As melhorias na jogabilidade são impressionantes. A começar, é claro, pelos goleiros – um problema antigo da franquia. Dessa vez, a Konami dedicou-se de verdade e fez um excelente trabalho. E talvez até mais do que deveria, já que os goleiros estão pegando até pensamento. Muito melhor do que os frangueiros de edições anteriores.

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A movimentação dos jogadores sem bola continua ótima, a disciplina tática de acordo com suas ordens é real, e ficou ainda melhor com o novo sistema de instruções para o time, os passes e finalizações estão ainda mais precisos e o jogo físico dá a sensação de estar, de fato, disputando uma bola com o adversário.

E o que falar dos gráficos? Os estádios são muito bem detalhados, e há uma série de arenas brasileiras disponíveis, a torcida está mais bonita e, claro, os jogadores têm o trabalho de faces com altíssimo nível. Sem falar no visual da partida em si, que é bem feito demais. A Fox Engine, no geral, brilha em PES 2017.

Mas…

Se você já tem um relacionamento duradouro com PES, saberá de cara que a Konami fez um belo trabalho em melhorar pontos fracos do game em PES 2017. Porém, como em qualquer relação, há aquelas coisinhas chatas, pequenos defeitos, que irritam por parecer que nunca serão corrigidos.

Por exemplo: os dribles. Eles seguem sendo feitos em “câmera lenta”, fazendo com que seja muito difícil usá-los de forma efetiva em jogadas de um contra um, o que ainda me parece ser o grande problema da franquia em termos de jogabilidade. Já que neste ano acertaram os goleiros, quem sabe as fintas melhorem em breve.

Outra coisa que incomoda é a ausência de licenças fundamentais, de grandes clubes, ligas e até jogadores do mundo. Sem falar nos times brasileiros não atualizados com atletas mais recentes. O Flamengo, por exemplo, não tem Diego na sua escalação, e Paolo Guerrero tem um nome genérico (M. Suarez). Isso é um ponto muito negativo.

Felizmente, em PES 2017 é possível importar dados de Option Files com facilidade e, como há muitos fãs na internet, já há vários arquivos que permitam que os gamers deixem seus jogos com todos os times com nomes, escudos e uniformes bem parecidos com os da realidade.

Mas jogar a Champions League e as principais ligas da Europa, como Alemanha, Itália, Inglaterra e Espanha, com times com nomes, uniformes e até alguns atletas genéricos é muito ruim. Só não é tão ruim quanto a experiência online de PES 2017, que mantém a infeliz tradição da franquia de decepcionar neste aspecto.

Online decepciona (de novo)

A mesma Internet que “salva” a edição dos times é quem derruba a experiência para os jogadores mais competitivos, que querem disputar partidas contra as pessoas de todo o mundo. O modo online de PES 2017 apresenta muitos problemas, desde a busca pelos rivais até a conectividade in-game.

No meu primeiro dia jogando MyClub, simplesmente não encontrei adversários para um jogo online. Fiquei alguns bons minutos esperando, saindo e voltando da pesquisa por rivais e… nada. Resolvi então jogar o Divisões, com times “normais”, e aí consegui, mas em vários momentos também demorei a achar partidas.

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Fora as vezes em que as partidas foram iniciadas, mas acabaram no meio do jogo, por problemas de conexão com os adversários, e as outras que foram até o fim com muitas dificuldades, com tudo “agarrando” e prejudicando o bom futebol. Digamos que em cada 10 partidas, devo ter jogado apenas 4 ou 5 sem nenhum probleminha.

Para quem vai jogar offline, com um bom Option File (já há vários rolando por aí na net, e em breve farei um post sobre isso), PES 2017 pode ser uma das melhores opções de jogos de futebol de todos os tempos – honrando a tradição dos tempos de Bomba Patch ou Ronaldinho Campeonato Brasileiro.

O jogo é lindo, a jogabilidade é ótima, e os modos de jogo estão bem imersivos, como a Master League e até mesmo o MyClub, que permite avançar e formar um bom time sem ter que jogar em partidas online. Milton Leite diria: “Que beleza!” – aliás, a sua narração está razoável. Não empolga, mas também não é tão ruim.

Não há grandes mudanças nos modos de jogo, mas também não havia necessidade de mudanças. Afinal, a série já está bem estabelecida com todos eles, inclusive o Rumo ao Estrelato, que neste ano promete ter uma concorrência forte do A Jornada, o novo modo carreira de Fifa 17.

Conclusão

Se você largou PES e foi jogar Fifa, vai sentir o inevitável sabor de ver uma ex-bonita na rua. Se você sempre gostou de PES, vai ficar feliz em ver que a Konami retribuiu o amor dos fãs com um belo jogo. Se você, assim como eu, tem as duas paixões no seu peito, o “ano de 2017” (estamos em 2016, mas vocês entenderam) é de lavar a alma.

PES 2017 pode ser considerado até o melhor já feito, e Fifa 17, que chegará no final do mês, também promete. A briga entre os dois é boa, e mais para a frente faremos aquele tradicional comparativo entre eles, mas o que posso dizer no momento é que PES 2017 não decepciona. Pelo contrário. São R$ 199 muito bem investidos.

Se não fossem os problemas nas partidas online, poderia ser um jogo com nota de 9,5 a 10. Como tem estas falhas, além do problema da ausência gigantesca de licenças e dos atletas não atualizados em times brasileiros, na minha opinião ele ficaria na casa dos 8,5 a 9,0.

Selo: Recomendado

Recomendamos o PES 2017 para quem gosta de um futebol mais dinâmico, fluído, e com muitas variações táticas. Além disso, é preciso disposição para ir atrás de Option Files e/ou editar por si só as equipes do jogo. Mas para o público geral, talvez o mais recomendado seja esperar o lançamento de Fifa 17.

Eu tenho PES e terei o Fifa, há quem também curta os dois, mas no geral, é um ou outro pra grande maioria dos gamers. Então, aguarde duas semanas, leia mais reviews, teste as duas demos e decida qual é melhor para você. A certeza que tenho é de que neste ano a escolha será muito mais por estilo do que por um ser muito superior ao outro.

2 - Selo de Ouro

*O jogo foi cedido pela Konami para avaliação

Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.