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Street Fighter V: Vale a pena?

por Charles Paim
Street Fighter V: Vale a pena?

Street Fighter V chega ao mercado oito anos após a primeira versão do SF IV ter tido o grande mérito de ressuscitar o gênero jogos de luta, o que contribuiu diretamente para que outras franquias de sucesso, como Mortal Kombat e King of Fighters, também retornassem em grande estilo.

Lançar uma continuação e conseguir se manter no topo, definitivamente não é uma tarefa fácil e, sem dúvida, a Capcom buscou inovar ao máximo, até mesmo para justificar a migração para esta nova versão por parte dos jogadores.

Visual

Em sua versão anterior, tivemos a estreia dos gráficos 2.5D (cenários 3D e movimentação dos lutadores em 2D), e já eram incríveis. Street Fighter V segue esta mesma linha, e o seu visual está ainda melhor: fluidez dos lutadores, iluminação, profundidade dos cenários. Falando em cenários, a interação com eles está muito maior. É comum vermos tábuas quebradas no chão, quando o oponente vai a nocaute, por exemplo.

Street Fighter V Cammy skin

Não podemos deixar de destacar a expressão facial dos lutadores, que ficou realmente impressionante e conseguiu superar seu antecessor com primor.

Jogabilidade

Neste requisito, como de se esperar, Street Fighter V é impecável. Ótima resposta aos comandos, um (aparente) balanceamento entre os lutadores, e a velha diversificação de movimentos que faz a franquia ser tão amada pelos fãs.

Duas principais novidades são destaques: a primeira, é a notória preocupação da Capcom em reforçar a máxima do “fácil de aprender, difícil de dominar”: a maior parte dos golpes especiais não são do tipo “charge”, o que permite uma imersão mais rápida para novatos em jogos de luta e, principalmente, motivá-los a se aprofundar nas possibilidades que o jogo oferece.

A segunda novidade fica por conta da barra V-Gauge: dividida em duas partes, permite aos lutadores executar um contra-ataque durante a defesa (o que consome uma das partes), permitindo, assim, afastar o oponente de uma situação de pressão. Ao pressionar soco forte e chute forte simultaneamente, com a barra totalmente cheia, a depender de lutador, pode ganhar novos golpes especiais ou aprimoramento dos golpes já existentes, o que pode fazer toda diferença durante a luta.

A característica mais marcante na jogabilidade é o fato de cada lutador ser realmente único nas suas características e não compartilharem mais uma técnica em comum, como o Parry no SF III e o Focus Attack no SF IV, o que estimula os jogadores a escolher um dos personagens com o qual realmente se identifica e se dedicar a dominar sua técnica de luta.

Sonoplastia

Os efeitos sonoros estão muito bons e são no mesmo nível da versão anterior. Já em relação à trilha sonora, é apenas razoável, infelizmente não temos mais os temas inesquecíveis da versão 2: durante as partidas, ouvimos basicamente ou músicas de fundo novas sem muita personalidade ou versões remixadas das músicas antigas e que não empolgam o suficiente.

Outro ponto negativo é não ser totalmente localizado para o nosso idioma, da mesma forma que vimos no Mortal Kombat X, e continuarmos com as velhas legendas, algo inaceitável hoje em dia.

Modo História

A Capcom prometeu para junho 2016, um modo história completo (liberado como um DLC gratuito), que será algo semelhante ao que já temos na franquia Mortal Kombat, ou seja, uma narrativa que envolve todas os personagens.

Como aperitivo para este modo, temos um pequeno modo história introdutório, que apresenta cada lutador aos jogadores. O lado negativo é que este modo introdutório é extremamente curto, cada lutador enfrenta de três a cinco oponentes, sequencialmente, em lutas de apenas um round, sem limite de tempo.

Modo Sobrevivência

Neste modo offline, o objetivo é derrotar dez adversários sequencialmente, com uma única barra de vida. Antes do início de cada batalhe, é possível utilizar os pontos ganhos para recuperar uma parte da barra de vida ou aprimorar recursos do lutador, como danos no ataque, por exemplo.

Onde está o modo arcade?

Estranhamente, não temos o tradicional modo arcade, que nada mais é do que você escolher um lutador e enfrentar todos os outros lutadores do cast, um a um, até chegar no oponente rival, e geralmente intercalados por fases de bônus. Esperamos que este modo seja adicionado em um DLC gratuito futuramente.

Treinar para dominar

O modo treino trouxe várias novidades, o que permite, aos mais dedicados, treinar horas a fio, e dominar todas as técnicas de seu lutador preferido. É possível por exemplo, definir a posição inicial dos lutadores, assim como colocá-los na posição inicial rapidamente, definir movimentos para o oponente executar repetidamente, entre outras coisas, o que permite simular várias situações de lutas reais. Como ponto negativo, sentimos ausência do modo Trial, que permitia conhecer os golpes básicos/especiais e combos de todos os lutadores.

Modo online

As opções de partidas online basicamente se mantiveram como na versão anterior: um modo ranking, no qual se joga aleatoriamente com oponentes do mundo todo, e ganha-se pontos a cada vitória.

Para os que preferem “ensaiar” antes de se jogar aos leões, há o modo casual: idêntico ao modo ranking, porém sem contagem ou perda de pontos. E, enfim, temos o modo saguão, no qual podemos criar uma sala e convidar os amigos para uma sessão de pancadaria. Um ponto a se destacar, pelo menos nos primeiros dias de abertura dos servidores oficiais, foi a grande dificuldade de encontrar adversários online, o que deve melhorar com o passar do tempo, à medida que as pessoas forem comprando o jogo e ajustes nos servidores forem feitos.

Sem dúvida, a grande e bem vinda novidade do modo online, é a possibilidade de permitir partidas entre jogadores do PlayStation 4 e PC, o que expande consideravelmente a gama de adversários.

Todo o modo online orbita em torno da Capcom Fighters Network (CFN), uma rede da Capcom que tem como objetivo reunir todas as informações relativas ao game e seus modos online.

Capcom Fighters Network

Não se deixe levar pela superficialidade, é realmente tudo. Desde a busca correta dos seus oponentes, passando por estatísticas aprofundadas e um robusto sistema de rankeamento que terá fortes vínculos o eSports, a CFN será a central do Street Fighter.

Será (no futuro), porque a rede ainda não foi totalmente lançada. Assim como o modo história, a plataforma estará disponível em março.

Quando disponível, irá permitir:

  • Visualizar onde as batalhas estão acontecendo em todo mundo através de uma mapa de cores
  • Exibir perfis dos jogadores e estatísticas detalhadas
  • Matchmaking entre jogadores de mesmo nível (nada de novatos enfrentando o Keoma Pacheco logo no início da sua carreira como lutador)
  • Seguir os jogadores favoritos
  • Pesquisar e assistir lutas e arquivos
  • Enviar convites de batalhas online
  • Feed de notícias

Velhos conhecidos e novos lutadores

Como não poderia deixar de ser, muitos velhos conhecidos dos jogadores estão de volta, como Ryu, Ken, Chun-Li, Vega, entre outros (Clique aqui para ver uma introdução de cada lutador). Para incrementar o cast, chegaram quatro novos lutadores: Necalli (lutador muito equilibrado e de grande potencial), Rashid (bastante ofensivo e com muitas opções de combo), Laura (brasileira lutadora de Jiu-Jitsu) e Fang, que a priori tem se mostrado o mais poderoso dos novatos.

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Uma ótima notícia é que mais seis lutadores já estão prometidos para serem liberados periodicamente, a partir de março: Alex (o primeiro a ser liberado), Guile, Ibuki, Balrog, Juri e Urien, sendo que para os demais não foi ainda divulgada a ordem de liberação pela Capcom.

Fight Money

Outra notícia bem vinda, é que os lutadores novos (assim como alguns outros conteúdos adicionais) poderão ser adquiridos com o Fight Money, que é uma moeda do próprio jogo, o que não acarreta em custo adicional para o jogador. Para os mais ansiosos, será possível também comprar conteúdo com dinheiro real.

Considerações Finais

Street Fighter V faz jus à franquia, continua com um nível de qualidade muito acima da média e, com toda certeza, agradará em cheio, não só os velhos, como os novos fãs.

Apesar disso, é importante frisar que há uma grande necessidade de termos todos os modos offline esperados em DLCs futuros, que são o modo história, CFN, arcade (não confirmado) e trial (não confirmado) para que os jogadores que não gostam de jogar online também se sintam contemplados.

Apesar ainda da aparente falta de conteúdos, o game se sobressai entregando uma jogabilidade extremamente apurada que oferece oportunidade aos novatos e profundidade aos experientes. Este equilíbrio é algo que dificilmente as produtoras conseguem oferecer de forma consistente.

Este ponto de equilíbrio foi atingido pela reformulação de vários personagens e nas respectivas revisões dos seus golpes.

Neste mesmo sentido, o propósito da Capcom é fazer com que o título se torne longevo e, com uma única versão, o jogador terá acesso a todos os conteúdos disponibilizados por download. SF V vai contar somente com uma versão em disco, diferente do que aconteceu com seu antecessor.

O jogo é recomendado por oferecer visual de oitava geração, mecânicas irrepreensíveis e a promessa de novos e substanciais entregues por download.

2 - Selo de Ouro

Charles Paim
Charles Paim
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Jogando agora: Nada no momento.
Administrador da comunidade CTC - Centro de Treinamento Charlão, especialista em PES (mas joga também o FIFA) e jogos de luta. Já jogou centenas de jogos, do Atari ao PS4. Adora falar de games no Twitter e Instagram.