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Unravel: Vale a pena?

por Tatiane Inês
Unravel: Vale a pena?

Simpático e com um toque de timidez, Unravel foi gentilmente apresentado durante a E3 2015. Naquele momento, não era possível distinguir quem possuía maior carisma: o produtor do jogo ou Yarny, um bonequinho de lã e protagonista do título.

Em meio a tantos “gigantes”, o pequeno Yarny aparece e conquista a atenção da plateia pelo visual incrível, alto nível de carisma, boa proposta de jogo e pelos sentimentos expressados no enredo.

Mas será que o produto final da Coldwood Interactive conseguiu superar as expectativas e manter a boa imagem passada na conferência? Confira na análise:

Prefácio

Desenvolvido pela ColdWood Interactive e publicado pela Electronic Arts (EA), Unravel tem como personagem principal Yarny, um simpático bonequinho feito de lã vermelha.

O jogo é um puzzle-plataforma em 2.5D que desafia o jogador em diversos cenários a resolver os mais variados quebra-cabeças para prosseguir em sua jornada em busca das memórias de uma idosa senhora.

Para alcançar lugares mais altos, construir pontes, balanços e puxar objetos, o pequeno mascote utiliza a lã do próprio corpo que necessita ser “recarregada” à medida que ele avança.

A narrativa de Unravel conta as histórias vividas por uma família em variados lugares e circunstâncias, como passeios no bosque, na praia e no campo. O formato do jogo dispensa narrativa ou legendas durante as andanças, pois é intuitivo e autointerpretativo.

Enquanto Yarn sai em busca das lembranças em suas aventuras, deixando seu rastro de lã, ele também encontra segredos escondidos em cada fase, que ajudam a preencher o cenário inicial com elementos de cada memória.

Algo interessante de se notar é a evolução do pequeno personagem durante as aventuras: na primeira jornada, Yarny se mostra tão ingênuo e fascinado por tudo a sua volta, enquanto nas demais apresenta mais determinação e coragem.

Visual

As paisagens e ilustrações mostradas no jogo são verdadeiramente um show à parte. As combinações de cores e iluminação para cada cenário foram cuidadosamente colocadas para passar ao jogador diferentes sentimentos: em campos, praia e florestas, vibrantes cores alegres transmitem felicidade e empolgação, enquanto em fábricas abandonadas e nevascas a solidão, medo e tristeza.

Os gráficos surpreendem do começo ao fim. Ao andarmos por cada memória a riqueza de detalhes por todos os lados realmente impressiona e faz parecer paisagens reais ou mesmo filmes tamanha a perfeição.

Unravel_visual

Outro ponto a se destacar é o cuidado da Coldwood em todos os detalhes de cenários – As cores de cada objeto, principalmente, os que podemos interagir com nossa lã foram bem destacados, deixando evidente que é possível se agarrar em um galho ou puxar/empurrar determinados objetos.

Jogabilidade

A jogabilidade de Unravel é outro ponto forte do título. A cada andança de Yarny ou em momentos em que ele precisa resolver algum quebra cabeça, a câmera do jogo está sempre bem posicionada para que não atrapalhe o jogador.

O jogo tem comandos simples que são explicados logo na primeira aventura, em uma espécie de tutorial. Pequenas e fáceis combinações entre alguns botões se fazem necessárias para que o bonequinho de lã balance em árvores ou desça de um lugar alto em segurança, por exemplo.

Tudo funciona de forma bem dinâmica durante todo o jogo e, em determinados momentos, somos desafiados a utilizar todos os nossos recursos (agarrar, dar nós, balançar) para sair de determinadas situações.

Como na maioria dos jogos puzzles, há situações em que podemos ficar presos, como quando precisamos de um galho para flutuar na água (sim, Yarny não sabe nadar) e não somos rápidos o suficientes para alcançá-lo, deixando que a correnteza o leve embora. Caso isso aconteça, basta segurar o direcional para baixo que a sequência será reiniciada.

O nível de dificuldade dos puzzles de Unravel aumentam a medida em que se avança na história. Algumas vezes é necessário ser muito rápido ou fazer uma combinação de nós em uma determinada sequência para conseguir sair de algum lugar. O nível de dificuldade não é altíssimo, mas levará os jogadores a investirem por alguns minutos em certos momentos.

O quê os mais exigentes podem sentir falta no título é a falta de inovações quanto aos quebra-cabeças ou mesmo mecânicas mais profundas.

Sobre bugs e problemas, todos os jogos estão suscetíveis a esses acontecimentos, mas, incrivelmente, durante o gameplay para análise, não foram notados quedas no desempenho, bugs nos cenários, falha ou delay nos controles ou mesmo algo que pudesse atrapalhar a jogabilidade.

Sonoplastia

Visual ótimo, enredo envolvente e jogabilidade dinâmica são complementados com uma trilha sonora emocionante. A verdade é que Unravel consegue passar emoção em todos os sentidos, seja ao ver, jogar ou ouvir.

Em cada memória, uma música agradável e relacionada com o ambiente casa graciosamente com os efeitos sonoros que também chamam a atenção pelo nível de detalhamento.

O barulho dos passos se diferenciam se estamos caminhando sobre uma superfície rígida ou em um gramado no campo. O som dos pássaros, das águas e de todos os elementos da natureza ou de máquinas em fábricas são reproduzidos fielmente à realidade.

A trilha sonora tem características das músicas típicas suecas, nacionalidade da produtora do jogo. Uma combinação de instrumentos com elementos típicos também contidos no cenário proporcionam maior imersão ao passar a emoção que cada momento da aventura exige.

Considerações Finais

Unravel se mostra muito mais que um jogo indie, com alguns puzzles legais e bem pensados. O cuidado em desenvolver um título com uma linda história em belíssimas paisagens, gráficos e trilha sonora envolvente, faz com que o título seja intenso e altamente imersivo.

Impressionante a capacidade de arrebatar quem está no controle de Yarny de tal forma a não querer mais parar de jogar, fazendo com que se passe horas e horas a explorar cada cantinho que compõe as “fases” do jogo.

O título pode não ser inovador nos seus puzzles, mas toda beleza e sentimento contidos nele, aliados à linda história, fazem com que não passe desapercebido, admirado e indispensável de ser jogado.

2 - Selo de Ouro

Tatiane Inês
Tatiane Inês
Gerente de Operações
Publicações: 714
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Engenheira e gerente de mídia do MeuPlayStation. Atualmente em um relacionamento sério com o PlayStation 5 S2. Gosta muito de jogos FPS e aventuras com boas histórias.