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Archangel: Vale a pena?

Como um anjo...

por Thiago Barros
Archangel: Vale a pena?

Dizem por aí que nem tudo que parece é. Na E3 2017, o Meu PS4 testou Archangel e disse que ele parecia uma ótima novidade para o PSVR. Pois bem: nesse caso, parecia e de fato, é. O game futurista da Skydance Interactive é um dos melhores já adicionados ao line-up do PlayStation VR. Sem muito alarde, impressiona mais do que diversos concorrentes que são muito badalados.

Para quem ainda não está familiarizado, Archangel é um shooter situado em Chicago, nos Estados Unidos, em uma era totalmente tecnológica. Existe uma disputa entre os HUMNX, que se consideram uma espécie de evolução humana, e os homens comuns, em situação pós-apocalíptica. Você é Gabe (ou Gabby, se for mulher), um comandante do exército que controla um robô gigante nesta aventura imersiva.

Um mundo diferente em um enredo bem amarrado

A grande maioria dos shooters do PlayStation VR não tem uma história por trás: Starblood Arena, RIGS e muitos outros são meramente jogos de atirar em batalhas online ou offline. Archangel tem todo um enredo por trás. Depois de escolher se quer ser Gabe ou Gabby, o jogador passa por uma experiência traumatizante e tudo se desenrola a partir daí.

O robôzão gigante é um Mech, uma mega arma usada por uma espécie de organização de forças armadas na luta contra a HUMNX. Ele lidera uma tropa, que é composta por mais 3 soldados, além de você. Em suas naves, eles vão dando dicas sobre o jogo, tanto sobre o enredo como durante os combates.

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Após sofrer alguns problemas nos testes do Mech, você é obrigado a sair pela cidade de Chicago para derrotar os inimigos. Eles vêm com aviões, tanques e também tropas a pé, atirando contra seu robô. O jogo utiliza uma técnica de deslocamento automático do seu jogador, então você não controla para onde ele anda – assim como em Until Dawn.

A cada missão, é preciso derrotar diversos desses inimigos e ir avançando um pouquinho dentro do enredo. Ao fim delas, são emitidos relatórios, em que os seus colegas opinam e você pode fazer upgrades no seu robô. Um detalhe bem legal é que você tem uma relação com ele. Ele é conectado a você. Literalmente.

É por meio de uma conexão neural que o Mech é controlado por Gabe (ou Cabby). E, por causa dela, o bot pro trás do robôzão consegue também interagir com as memórias e os sentimentos do personagem. E isso vai servindo como pano de fundo para a história, que muitas vezes é contada em flashbacks surgidos dessa forma.

Jogabilidade com o PS Move impressiona

Sabe aquele tal de PS Move, controle de movimento que não emplacou tanto no PS3? Se você tem um, vai ver como ele pode ser útil no PlayStation VR agora. Se ainda não tem, e já comprou ou quer comprar um PSVR, vale o investimento. Nem todos os jogos oferecem suporte a ele, mas os que focam sua jogabilidade nos controles, vale demais.

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É o caso de Archangel. Em Until Dawn: Rush of Blood, por exemplo, é bem legal atirar com as duas mãos. Porém quando você joga Archangel, vê que aquele gameplay é básico perto do que se pode fazer com o Move. Neste game da Skydance, cada Move controla uma das mãos do robô e faz muito mais do que só atirar.

Do lado direito, você tem uma SMG. Do lado esquerdo, um lança-foguetes. Em ambos, há escudos que podem ser ativados com o X. Mas o legal é que o braço do robô se mexe de acordo com o seu movimento. E você tem que movê-lo para se proteger com os escudos, além de mirar nos inimigos. É muito legal e bastante imersivo!

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Sem falar nos socos que você pode dar para destruir alguns obstáculos. Simplesmente com o movimento de socar mesmo, mas apertando o botão central do Move para fechar a mão e atacar. Todas as possibilidades são bem legais, e comprovam exatamente o que parecia na E3: o jogo foi feito para isso!

É óbvio que você vai se enrolar um pouquinho algumas vezes. Mirar com uma arma e atirar com outra, por exemplo. Mas você pega com o tempo. A grande questão é que, conforme o game vai progredindo, as missões vão ficando mais difíceis, e você precisa se concentrar e ativar os escudos na hora certa – pois eles têm uma duração limitada.

Combates desafiadores e duração curta

Archangel tem um visual agradável, na média do que se vê nos jogos de PlayStation VR. A ambientação da cidade não é tão bonita, mas o robô é super bem feito, assim como o local do começo do jogo, que é uma espécie de área de treinos do Mech. As cutscenes são bem feitas, os menus simples e as interações com outros personagens bem bacanas.

O nível de dificuldade do game também merece atenção. a SkyDance caprichou aqui. Se o jogador optar pelo “normal”, que é o que a maioria faz, ele vai sofrer, e morrer bastante. Um gamer mais hardcore, que quiser a experiência mais difícil, vai suar muito. Afinal, como nós falamos anteriormente, é preciso muita sincronia entre defesa e ataque nos movimentos.

O seu Mech é uma máquina de matar, gigante, e com alto poder de fogo, mas em diversas ocasiões ele acaba sendo cercado por hordas enormes de inimigos. E como é um game de realidade virtual com um controle de movimento, você tem que estar sempre ligado, e errar muito pouco. É bem desafiador. Mas você pega o jeito.

Mas nem tudo é perfeito em Archangel. Ele tem um grande defeito: é curto. Mesmo com a alta dificuldade e morrendo várias vezes, você dificilmente irá terminar o jogo em mais de, digamos, 3 a 4 horas. E o fator replay é muito baixo. A única motivação que você pode ter será zerá-lo em um nível mais alto.4

Gastar US$ 39,99 em um game com somente esta campanha – por mais legal que ela seja – pode ser um gasto alto para muita gente. Ainda mais que é possível encontrar jogos muito bons no PlayStation VR na casa dos US$ 19,99 a US$ 29,99. Para nós, o jogo ainda é uma experiência muito Recomendada, mas entendemos quem queira Esperar Uma Promoção.

Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.