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Anthem: vale a pena?

Aposta de EA e BioWare para o primeiro semestre de 2019 chega cheia de expectativa, mas será que entrega o esperado? 

por Thiago Barros
Anthem: vale a pena?

Se você não é um jogador que curte aqueles games online e focados em co-op, Anthem é descartável, e será melhor investir seu rico dinheirinho em algum dos grandes lançamentos que já saíram ou virão em 2019. Porém, caso jogos como The Division e Destiny lhe agradem, a história já é um pouquinho diferente.

Vimos vários sites do mundo dando notas baixas para Anthem nos reviews já publicados antes do lançamento do jogo – e da gente receber o código da EA, que nos foi enviado na noite da última quinta-feira (21). E algumas críticas até são compreensíveis, mas é preciso analisar cada ponto com certo cuidado.

Afinal, as reclamações são que o jogo tem grind excessivo, missões repetitivas e enredo fraco. Mas alguém esperava diferente? Se sim, o erro pode estar aí, não no jogo. Bugs, problemas de conectividade e os loadings eternos, sim, merecem a “porrada”. O resto? Nada de muito diferente de outros jogos do tipo. 

No princípio, Deus criou os céus e a terra

“Anthem” é algo como o Gênesis, da Bíblia. O jogo recebe esse nome porque “Anthem” significa “Hino”, e o enredo gira em torno do “Hino da Criação”, uma força desconhecida responsável pela criação do universo do game. Mas essa gênese não tem muita coisa de divina atualmente.

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Essa força foi usada pelos deuses Fundadores para criar o mundo em que estamos no jogo, mas, por algum motivo, eles tiveram que deixar o local, e esse mundo acabou que ficou “inacabado”. Há relíquias espalhadas por lá, contendo parte do poder desse hino, que pode ser muito destrutivo – capaz de gerar vários cataclismas e alterar totalmente o universo do game. 

Pior do que isso, são os inimigos do Dominion, liderados pelo Regente, que querem dominar esse poder para controlar o planeta. Sua missão como Freelancer é impedir isso. Você é um dos poucos humanos que sobreviveram a eventos catastróficos e precisa liderar uma batalha para salvar Forte Tarsis – refúgio.

Para isso, os Freelancers têm as Lanças, “armaduras” robóticas cheias de armas e habilidades especiais. Durante sua aventura, você encontrará vários personagens diferentes e diversas missões, que são como “contratos”. Você, como freelancer, é contratado para realizar diversas tarefas.

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Ao longo dessas missões, você vai entendendo mais da história. Além disso, há muito conteúdo de lore espalhado pelo mundo. Se você está familiarizado com o Grimório de Destiny, por exemplo, é algo nessa pegada. A história que o jogo te conta, de fato, é rasa, porém explorando e coletando informações para o Córtex, ela fica até interessante.

Um detalhe bacana é que você tem diálogos com opções de respostas, e o que você escolhe afeta a reação do NPC – e os pontos de lealdade ganhos pelo jogador. Isso é algo também cada vez mais comum nos jogos, então não chega a ser uma inovação, porém vale a pena citar.

O enredo não é ruim, mas não é daqueles que “prendem”. O grande foco de Anthem parece estar no combate, a jogabilidade, o co-op. O jogador tem missões de história, sidequests e o seu mundo aberto, onde pode ser feito um freeplay, fora as atividades endgame e as difíceis Fortalezas.

Que hino!

Anthem tem um gameplay excelente. Isso é incontestável. Os combates são o ponto alto do jogo. O nível de dificuldade crescente conforme você avança, os golpes formando combos entre habilidades dos jogadores, o voo… Tudo deixa você extremamente empolgado na hora de jogar.

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Os comandos são simples, as variações de características das lanças e o baita ritmo frenético das lutas com inimigos merecem elogios. É um hino de combate para um jogo com as suas características. Movimentação bastante fluida, possibilidades diferentes de abordagem para as lutas, inimigos difíceis… É ótimo.

São quatro tipos de Lanças: Patrulheiro, bem equilibrado, Colosso, resistente a dano e com um baita escudão, Interceptor, extremamente rápido, e Tempestade, com golpes elementais. O jogador pode ir desbloqueando todas conforme progride no jogo e equipar cada um como quiser.

E quando você tem amigos para jogar contigo, a diversão é enorme. O co-op é a alma de Anthem. Com uma boa comunicação e aprendendo a dar combos mais eficientes, o gameplay fica ainda melhor. O desafio pode ser grande, mas a satisfação ao cumprir os objetivos é maior ainda. Principalmente na dificuldade maior.

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Especialmente quando se chega às atividades endgame, que são bem difíceis mesmo, e requerem jogadores bons, com os personagens bem equipados, para serem concluídas. Os combates seguem a mesma dinâmica de todo o jogo, porém seus inimigos são muito mais fortes – especialmente os bosses.

O mundo aberto também é uma ótima oportunidade de explorar. A partir do Nível 3, os jogadores podem fazer Desafios e buscar Tumbas dos Legionários. Sem contar que o game, assim como Destiny e The Division, tem “rotações” de conteúdos que dão mais recompensas a cada dia, semana e mês.

Tudo isso fica ainda mais bacana com o belo trabalho gráfico feito em Anthem pela BioWare. Há algumas quedas de frame rate, sim, e ele não chega a ser estonteante como parecia em alguns vídeos de divulgação (talvez fique mais bacana no PC), mas ainda assim é um game bem bonito.

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Como é um jogo grande, também tem aquela questão de renderizar somente algumas partes do ambiente conforme você for chegando. Mesmo assim, os gráficos merecem elogios. Cachoeiras, montanhas, vegetação e as próprias Lanças são todos muito bem construídos.

Outro ponto bem interessante é a personalização das Lanças. Além dos quatro tipos de personagens que você pode selecionar, cada um com suas características específicas, também dá para customizar o visual delas, as habilidades e, claro, armas – usando os loots do jogo ou comprando com microtransações. 

Desafinou

Mas nem tudo no gameplay é perfeito. Esse loot de Anthem, por exemplo, não é dos melhores. Se você reclamava dos drops de Destiny, vai se irritar ainda mais. O problema não é nem só na qualidade do que você pega, mas também que os itens só aparecem e podem ser usados no fim da missão.

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Fora isso, tem muita coisa que é mais fácil comprar do que ficar naquele grind louco para desbloquear. Sim, há microtransações em Anthem – e parecem desbalanceadas inicialmente. A quantidade de moedas que podem ser ganhas em missões é pouca para os preços cobrados na loja.

E, sim, as missões são repetitivas. Por mais que seja “normal” isso acontecer, sempre fica a expectativa para que haja uma evolução nesse aspecto quando um novo “MMO” é lançado. Em Anthem, não há. É mais do mesmo. O que se torna uma decepção, tendo em vista a grande expectativa que havia por ele.

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Fica a grande dúvida sobre o quão duradouro será o jogo – especialmente pelos relatos de que as vendas não estão lá essas coisas. Basta dar uma rápida olhada na lista dos amigos no PlayStation 4 para perceber que pouca gente está jogando. Talvez os reviews negativos e a proximidade de The Division 2 tenham afetado bastante isso.

O que mais incomoda no game, porém, não é “nele” em si. Jogabilidade, visual e até história estão bem justos. Mas os loadings que demoram uma eternidade e a quantidade de falhas de conectividade, com o jogo fechando toda hora ou você e seus amigos caindo direto, atrapalham demais. É uma experiência extremamente frustrante o jogo crashar a cada meia hora.

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Fora que há alguns bugs meio estranhos, como os loadings que se sobrepõem a cutscenes, visuais de personagens que não carregam direito… Está rolando até uma megathread no Reddit reunindo as falhas encontradas pelos jogadores. Nos nossos testes, por exemplo, recebemos várias mensagens de erro.

Na maioria delas, jogo relatava problemas de verificação do perfil online ou de conexão aos servidores EA e crashava. Todo momento. Ficava impossível jogar grandes períodos de tempo. E era algo exclusivo de Anthem, visto que testamos em games como FIFA 19 e Destiny 2, também jogando online, e não tivemos problemas.

Os crashes também ocorreram na hora de juntar-se a um amigo para realizar missões. Em mais de uma ocasião, caímos ainda na tela de loading, voltando para a tela inicial, com o título do jogo. Em outro caso, ficamos mais de um minuto esperando a conexão com o servidor e tivemos que fechar o jogo e abrir de novo. Resumindo: frustrante.

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Ouvimos pessoas que estão com o jogo e não tiveram o problema (na nossa equipe, por exemplo, eu, Thiago, tive essas falhas todas, mas a Tatiane não). Ao que parece, como bem dito por algumas pessoas no Reddit, os servidores não estão aguentando, e aí isso acaba prejudicando certos jogadores, não todos.

Para completar, Anthem também não possui localização completa para o Brasil. Só seus menus e as legendas estão disponíveis em português. O áudio tem que ser em inglês. É melhor do que nada, claro, mas esperava-se que um jogo com tanta expectativa, e com a assinatura da EA, tivesse dublagem.

Teu futuro espelha essa grandeza?

Como dizem versos do hino do Brasil, talvez o “futuro espelhe a grandeza” esperada de Anthem. Afinal, os maiores problemas do jogo parece que são “facilmente” corrigidos com patches. O game ganhou até um update Day One, com 10 GB, entre sexta e sábado (só que não adiantou muita coisa).

Ou seja, o que parece é que Anthem, como diziam os rumores, poderia, ou até deveria, ser adiado. Ele, visivelmente, não está 100%. Por isso, o justo é um selo “Espere Uma Promoção”. Por mais divertido e bonito que seja, ainda precisa evoluir muito para ter o selo “Recomendado”. 

É uma pena que um jogo tão aguardado tenha sido lançado assim, com tantas falhas, e provavelmente não alcance o público que poderia. É “menos pior” do que muita gente está dizendo. Especialmente em termos de gameplay, porque nisso ele é exatamente como qualquer um esperava de um “MMO” assim.

Claro, poderia ter algumas inovações, sim, e missões menos repetitivas, mas é só você comparar com Destiny e The Division, por exemplo. Os enredos não te prendem tanto, as quests são “chatas” e o que vale mesmo é o endgame. Com Anthem, é exatamente a mesma coisa. Só que bem mais bugado.

Por isso, por enquanto, espere uma promoção. E, novamente, se não curtir os jogos desse tipo, para você ele é – e sempre será – totalmente descartável.

Veredito

Anthem
Anthem

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: BioWare

Jogadores: 1 a 4 jogadores online

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60 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Gráficos muito bonitos
  • Jogabilidade excelente
  • Coop muito divertido
Desvantagens
  • Problemas de conectividade
  • Loadings excessivos e longos
  • Bugs de um “jogo incompleto”
  • Enredo totalmente dispensável
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.