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Star Wars JEDI: Fallen Order: vale a pena?

Jogo se sustenta, mas sofre com problemas de desempenho

por Raphael Batista
Star Wars JEDI: Fallen Order: vale a pena?

Star Wars: Battlefront teve duas oportunidades de ser o “grande Star Wars” dos videogames. Não conseguiu. Faltava na série da DICE uma verdadeira jornada JEDI, uma narrativa que explorasse a Força. É este vácuo que Star Wars JEDI: Fallen Order tenta preencher.

E apesar de vir com o selo EA, dessa vez não há polêmicas de microtransações ou problemas de balanceamento. Assinado pela Respawn Entertainment, o jogo consegue se sustentar e ser uma boa opção para os fãs, mas poderia ter ido um pouco mais longe em suas ambições.

Uma nova história

Os jogadores acompanham a história de Cal Kestis, um padawan que teve o seu treinamento interrompido após a Ordem 66. Kestis cresceu em Bracca – “lixão intergaláctico” -, sobrevivendo como um simples trabalhador, escondendo sua verdadeira  identidade.

A jornada começa quando Kestis precisa utilizar a Força para salvar seu companheiro de trabalho. Neste momento, os Inquisidores – soldados treinados para caçar Jedis – sentem a presença da Força e começam uma caçada por Kestis. O protagonista então percebe que não adiantava mais se esconder, mas a única solução era reconstruir a Ordem Jedi e dar uma nova esperança ao mundo (referências).

A trama não foge muito do que já vimos nos diversos filmes de Star Wars. Não é um defeito, mas uma característica: a boa e velha luta do bem contra o mal, busca de identidade e o peso de tentar salvar toda uma galáxia.

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É legal descobrir novos personagens e uma história original.

O bacana é que o aprendiz cresce conforme progresso no game. É bem legal notar a evolução. No começo, as habilidades Jedi do jovem são pouco desenvolvidas e a jornada o molda com um guerreiro quase completo.

Star Wars JEDI: Fallen Order não se preocupa em mostrar conflitos internos, como nos últimos filmes com Kylo Ren. O game se concentra em deixar claro que o “bem” não sucumbe ao “mal”, mesmo em circunstâncias adversas. Se preocupa menos ainda em explicar acontecimentos anteriores. Logo, quem não conhece a saga pode ficar como o meme do John Travolta.

E isso pesa um pouco. A Respawn Entertainment poderia ter aproveitado o momento para explorar como o Lado Sombrio pode ser bem tentador e, por vezes, exercer mais influência que a própria Força.

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Por outro lado, os personagens secundários foram bem aproveitados. Destaque para Cere e Greez, que também querem restaurar a Ordem Jedi, e tem papeis de destaque na narrativa. Isso mostra que a Força é…para todos.

Dark Souls Jedi?

A semelhança do gameplay de Star Wars JEDI: Fallen Order com os jogos da FromSoftware foi ventilada como uma das qualidades do game. Mas na prática não é exatamente assim. Fallen Order é bem menos parecido. Mesmo.

Apesar de ter um sistema de defesa com foco em parry, não há barra de estamina. A dinâmica, a movimentação, uso dos acessórios e todos os demais elementos são bem diferentes de Dark Souls-Sekiro.

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O gameplay é divertido, mas a comparação com Sekiro é exagerada.

O game da Respawn aposta em movimentos acrobáticos e estéticos, afinal, um Jedi é mestre na arte do combate. É muito legal ter variadas possibilidades de ataque com sabre de luz, combinando a Força com um puxões, empurrões, lentidão, etc. Todas as habilidades podem ser melhoradas ou desbloqueadas através de um menu especial.

A grande diferença entre Star Wars JEDI: Fallen Order e Souls está, justamente, na qualidade. O jogo da FromSoftware é muito mais preciso e seu parry funciona corretamente. Embora o combate do jogo da Respawn seja divertido, as mecânicas estão em um nível inferior.

O hitbox é o principal dissabor. Acertar o parry, momento exato para aparar os ataques inimigos, é um desafio. Isso porque os adversários acertam o corpo do herói antes mesmo do ataque entrar efetivamente. Isso acaba complicando a execução do movimento de defesa de modo correto, implicando em mortes consecutivas.

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Os confrontos carecem de uma maior qualidade, principalmente na defesa e na câmera.

Os confrontos também não são muito empolgantes, exceto em momentos em que a narrativa cresce. Ademais, os jogadores passam por combates “mornos” contra humanoides e criaturas da fauna. E isso nem se trata de dificuldade, porque o “Difícil” é realmente desafiador, mas não há o peso devido na hora do embate. Os adversários são tratados com uma normalidade excessiva, até mesmo os Inquisidores e os Caçadores de Jedi.

As finalizações de Star Wars JEDI: Fallen Order também são pouco criativas. Os golpes mortais contra os inimigos repetem o mesmo padrão, até contra os mais fortes. É uma pena, porque o recurso poderia ser um encanto a mais para os jogadores.

Então o gameplay é apenas críticas? Claro que não! Embora o hitbox seja esquisito e a jogabilidade tenha elementos pouco aprofundados, ele cumpre seu papel de divertir. Não houve problemas na execução das habilidades – podendo combiná-las de diversas maneiras. Além disso, depois de algumas horas de jogo, é bem legal dominar os movimentos do herói.

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Uma das características legais é enfrentar monstros alienígenas da fauna dos mundos.

O estilo do jogo segue a linha metroidvania. Ou seja, os jogadores descobrem lugares inacessíveis e precisam conquistar um equipamento mais adiante para desbloquear outros caminhos. O formato ficou adequado à experiência, pois Kestis consegue evoluir sua ligação com a Força e, consequentemente, abrir novos caminhos.

Destaque para os desenhos dos níveis. Eles são bem inteligentes, com áreas interligadas através de atalhos desbloqueados conforme exploração. E, infelizmente, esta é a única recompensa que o game oferece para quem quiser descobrir “cada canto”. É possível encontrar Ecos da Força e colecionáveis que oferecem detalhes sobre o universo, mas os itens recompensam com pouco XP.

Já o mapa deixa a desejar. Seu design em 3D ficou um tanto quanto estranho, principalmente em níveis com mais de um andar. Por vezes é melhor se direcionar pela memória do que averiguar o mapa.

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Quer se direcionar pelo mapa? É melhor não…

Forte é o lado sombrio

Star Wars JEDI: Fallen Order não é um jogo ruim, só optou por não ir tão longe quanto poderia. Seus problemas técnicos também atrapalham bastante: atraso no carregamento das texturas, nas renderizações de diversos elementos dos cenários, lugares que parecem “borrões de cores” e mais. Pode decepcionar bastante aqueles que esperam um jogo bem polido.

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Os cenários ficam borrados constantemente enquanto têm os detalhes carregados.

Outro ponto é a câmera. Os combates contra os chefões, principalmente os Inquisidores, acontecem em ambientes fechados. Mas quando Cal é encurralado é quase impossível ter uma visão ampla do combate.

Star Wars JEDI: Fallen Order sucumbiu?

Embora o Lado Sombrio seja forte, o game não é uma catástrofe. Muito longe disso. Tem o seu estilo e é um passo importante para investir em experiências que não sejam exclusivamente shooters como foi Battlefront.

A narrativa é uma boa história “Star Wars”, com trilha sonora e ambientação condizentes com as expectativas, mas a jogabilidade poderia ser um pouco mais lapidada e o jogo mais otimizado.

Em todo o conjunto da obra, Star Wars JEDI: Fallen Order se sustenta, mas não conseguiu ser “o charme” que prometia desde o anúncio. Talvez o preço full possa espantar interessados, mas uma bela promoção o faria ficar nas primeiras posições da lista.

Veredito

Star Wars JEDI: Fallen Order
Star Wars JEDI: Fallen Order

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: Respawn Entertainment

Jogadores: 1

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70 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Ambientação e trilha sonora
  • História que cumpre o papel
Desvantagens
  • Gameplay que poderia ser bem melhor
  • Texturas e desempenho problemáticos
  • Visualização do mapa horrível
  • Câmera confusa
  • Combates que não possuem peso
Raphael Batista
Raphael Batista
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Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.