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Assassin’s Creed Origins: Vale a Pena?

Que belo jogo!

por Thiago Barros
Assassin's Creed Origins: Vale a Pena?

Assassin’s Creed cresceu. Desde o primeiro jogo, em 2007, até o mais recente lançamento, foram 9 jogos na série principal, além de 11 extras, mais 11 livros, 10 HQs, três curtas e um filme nos cinemas. Mas nenhum destes produtos foi tão agradável quanto o último game da franquia, Assassin’s Creed Origins.

O seu nome já diz muita coisa. Origins trata das origens da Irmandade. E nada melhor do que uma prequel para redesenhar pontos que precisavam ser melhorados e fortalecer tudo que criou a base de sucesso da série. Tudo isso com uma história de vingança situada em um dos grandes berços da civilização atual: o Egito Antigo.

Ambientação espetacular, gráficos sensacionais, segredos escondidos, interações com os cenários e combates bem dinâmicos são alguns dos pontos que fazem com que Assassin’s Creed Origins se torne uma referencia em jogos de ação/aventura em terceira pessoa. Não é só o melhor da franquia, como um dos melhores do gênero nos últimos anos.

Misr¹ 

Assim como todos os jogos da franquia, Assassin’s Creed Origins é uma aula de história. E de um período que encanta muita gente em todo o mundo. Quem não quer saber um pouco mais sobre os segredos do Egito? As pirâmides, os tesouros, as tumbas, os faraós… Todas aquelas coisas pelas quais babamos ao visitar museus mundo afora estarão na sua tela.

O game se passa durante o Reino Ptolemaico, em meio a uma disputa familiar que reúne personagens muito famosos na história. Ptolemeu XIII, Cleópatra, Julio César, Pompeu… Uma briga pelo trono, entre Cleópatra e os tutores do jovem Ptolemeu XIII, é o pano de fundo para o game contar a história de Bayek.

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Ambientação é destaque.

Ele é o último dos medjai, termo que significa “Guerreiro de Deus – Protetor dos Homens” e era usado para um grupo de soldados que nasceu como protetores dos faraós, mas que se tornou responsável por todo o povo egípcio àquela época. Uma tragédia envolvendo o seu filho, Khemu, o motiva a viajar pelo país em busca de vingança.

Nesta aventura, ele é crucial para o nascimento da Irmandade dos Assassinos, que trava uma batalha mortal contra a Ordem dos Anciãos, percursora dos Templários e a principal responsável por esta tragédia do passado. Enquanto isso, César tenta conquistar o coração da exilada Cleópatra para ascender ao poder no Egito e derrubar Ptolomeu.

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E, como se trata de um jogo de Assassin’s Creed, tudo isso não passa de uma história que é vivida dentro do Animus – uma máquina de realidade virtual das Indústrias Abstergo, que acessa as memórias embutidas no DNA da pessoa e projeta em uma tela 3D, fazendo com que seja possível acessar eventos vividos pelo utilizador e seus antepassados.

A responsável por reviver as memórias de Bayek é Layla Hassan, funcionária da Abstergo, que faz isso sem autorização da empresa, em busca de descobrir novos segredos e assim ganhar uma promoção. Mal sabe ela no que está se metendo… O enredo de conspirações, batalhas sangrentas e memórias duras de Origins é um dos mais ricos da série.

Tem que ter charme

Se a história já encanta, imagine vê-la linda na sua frente. Assassin’s Creed Origins é um primor de ambientação. Criar um mundo, como em Horizon Zero Dawn, por exemplo, não deve ser fácil. Mas imagine só recriar pontos tão famosos quanto o Farol e a Biblioteca da Alexandria, as Pirâmides do Egito e a Esfinge? É uma responsabilidade enorme.

E a Ubisoft não decepcionou. O visual de Assassin’s Creed Origins é lindo. A começar, é claro, pelos cenários. Praias, dunas, cavernas, tumbas, cidades… Tudo é perfeito. Criado nos mínimos detalhes, dando a real sensação de estar no Egito Antigo. Especialmente, é claro, os templos, tão marcantes daquela época.

Nos personagens, o trabalho também é muito bom, especialmente em Bayek, e em cenas contando a história do jogo. Até no gameplay, nos combates e interações com NPCs, não há do que reclamar. Há ainda animais, como camelos, cavalos, crocodilos e hipopótamos, além de barcos e exploração subaquática. Tudo super bem feito.

As variações de iluminação, as sombras, o brilho de alguns objetos, a movimentação bem mais real, o nível de detalhes em construções, ambientes, pessoas e acessórios… A cada ponto, nota-se o bom trabalho gráfico feito no game. É um universo gigante, mas que tem todos os indícios de que foi criado com muita atenção.

O mundo de Origins, aliás, tem o “Baixo Egito”, mas também o leste da Líbia. O bacana é que o jogo é totalmente “mundo aberto”, então você pode explorar tudo como quiser. Não é preciso nem esperar uma determinada missão – ou aquelas telas de “loading”. Você pode simplesmente pegar um camelo e sair rodando por Gizé, Mênfis, Cirene, Alexandria…

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Aula de história.


​Além disso, existem inúmeros assentamentos e vilas da região de Faium e no delta do Nilo. Inclusive, explorar tudo isso é um dos grandes atrativos do jogo. Abra o mapa, veja onde se localiza cada região e vá! Siga os “?” que estão no mini-mapa na parte superior da tela, não se guie somente por quests, e você descobrirá muitas coisas bacanas.

Pra dançar bonito

Mas nada disso adiantaria se Assassin’s Creed Origins tivesse os mesmos problemas de jogabilidade de seus antecessores mais recentes. Por isso, a Ubisoft dedicou uma grande parte do seu trabalho a reformular pontos importantes do gameplay. A começar pelo novo sistema de combate – que está muito melhor.

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Combates foram melhorados!


As lutas agora têm uma pegada de boss fights de God of War e estão muito mais fluídas. Você pode travar um alvo, esquivar, defender golpes com escudo, contra-atacar. Tudo de maneira muito mais natural. Com um sistema de hitbox. a mecânica faz com que qualquer movimento precise ser bem calculado, ou você vai tomar um grande dano.

E, para manter a tradição da franquia, o jogador pode escolher armas de grande variedade – como espadas, arcos, pesadas, longas… São em torno de 150, e algumas delas possuem até características de dano especiais. A “raridade” também varia, entre os itens “comuns” e “lendários”, adicionando aquele toque de RPG ao jogo.

Além dessa variação de itens, que têm raridade e níveis, há o sistema de habilidades, que foi introduzido em Unity, melhorou em Syndicate e agora parece perfeito. A cada subida de nível, você ganha resistência, dano e um ponto de habilidades para gastar na Skill Tree. Lá, você pode especializar Bayek em pontos como combate corporal, furtividade e muito mais.

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Árvore de habilidades.

Conforme você vai progredindo, mais qualidades vai desbloqueando e seu nível subindo. A cada missão, há um level recomendado. Por isso, é importante fazer sidequests, descobrir locais, fazer tarefas escondidas… Atividades não faltam, e quanto mais você jogar, melhor será o loot e mais fáceis ficarão as missões seguintes.

Vale destacar ainda que recursos pedidos pela comunidade, como escolher se Bayek fica com o capuz abaixado ou para cima, salvar vários jogos e acelerar o dia, estão presentes. Claro, ainda há um bug ou outro, como alguns inimigos “deslizando” no mapa, mas nunca um gameplay de Assassin’s Creed foi tão suave e satisfatório quanto em Origins.

Salaam Aleikum²

Assassin’s Creed Origins pode, facilmente, ser considerado um dos melhores jogos do PlayStation 4 neste segundo semestre – no ano, poderia competir com Horizon e Persona 5. Falta, talvez, um componente online mais robusto. Fora isso, não há do que reclamar. A jogabilidade só não é perfeita porque há pequenos bugs e o parkour, em alguns momentos, é limitado.

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Visual impressiona.


Ao escalar o Farol de Alexandria, por exemplo, é preciso seguir uma rota específica. Mas fica claro que, se você fizesse outro caminho, poderia chegar ao mesmo local. Num jogo com tantas opções de mundo aberto, limitações assim são esquisitas e frustrantes. Sem contar as quedas com pulos errados sem querer. Pelo menos, não é algo tão frequente.

E, assim como todo jogo de mundo aberto, pode acabar ficando um pouco repetitivo, pois as missões extras são, quase sempre, muito parecidas. Você precisa explorar tumbas, ir a postos de vigia inimigos e derrotar todo mundo, coletar itens escondidos… Só que, com o nível de ambientação e imersão de Origins, é difícil que isso seja um grande problema.6

Afinal, em termos de visual o jogo é irretocável. O enredo é envolvente. Os diálogos são excelentes, bem construídos, com ótima dublagem. A trilha sonora é muito pertinente. A ambientação perfeita. E a jogabilidade deu um grande salto na história da franquia. Sem dúvidas, Assassin’s Creed Origins é recomendado.

Se pelo seu valor cheio ele já vale a pena, em uma baita promoção como essa da Sony na PlayStation Store para a Black Friday, então… Gosta de jogos de aventura em terceira pessoa e tem um dinheiro para investir nesta data? Garanta o seu e salaam aleikum!

PS: Tente não se viciar no Modo Foto. Eu te desafio!
 
¹ Misr – Segundo a tradição, Misr é o nome usado no Alcorão para designar o Egito, e o termo pode evocar as defesas naturais de que o país sempre dispôs. Outra teoria é que Misr deriva da antiga palavra Mizraim, que por sua vez deriva de md-r ou mdr, usada pelos locais para designar o seu país.
 
² Salaam Aleikum – Salaam Aleikum ou As-Salamu Alaikum (“Salamaleico”) (do árabe السلام عليكم , Que a paz esteja sobre vós) é uma expressão de cumprimento utilizado pelos muçulmanos, que professam a fé islâmica. A resposta para essa saudação é Alaikum As-Salaam (do árabe عليكم والسلام , que pode ser traduzido como E sobre vós a paz.)

Veredito

Assassin's Creed Origins
Assassin's Creed Origins

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: Ubisoft Montréal

Jogadores: 1

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94 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Jogabilidade fluida
  • Muito aberto com muitas sidequests
  • Sistema de progressão incrível
Desvantagens
  • Componente online não é tão bom
  • Jogo pode ser repetitivo
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.