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Call of Duty: Infinite Warfare: Vale a pena?

por Daniel dos Reis
Call of Duty: Infinite Warfare: Vale a pena?

Call of Duty: Infinite Warfare é um jogo futurista. Assumir este fato nos ajuda a tragar melhor a proposta da Infinity Ward e, mesmo que muitos relutem em aceitar, ele continua sendo um Call of Duty. Portanto conta com um gameplay intenso, partidas multiplayer emocionantes, modo Zumbis divertido e muitas personalizações de armas.

Pode até ser que a proposta não agrade a todos, mas o jogo é muito competente ao executá-la e é exatamente assim que ele deve ser analisado. Pelo jogo que ele é e não pelo jogo que muitos gostariam que ele fosse.

Guerra Infinita pode ser compreendido como um avanço em relação a Black Ops III, com mecânicas mais refinadas, uma campanha muito bem narrada (a melhor dos últimos anos da franquia, diga-se) e um modo Zumbis divertido.

Entretanto, a fórmula,  mesmo que muito bem executada, está claramente desgastada. Com isso, o veredito aqui é claro: não  espere encontrar neste jogo inovações ou mudanças de ares. Não. Trata-se apenas do bom e velho Call of Duty.

https://www.youtube.com/watch?v=6zPnK3xUo2U

Habeamus Campanha

CoD já teve campanhas memoráveis, principalmente as da série Modern Warfare, comandada pela própria Infinity Ward. Os revezes começaram com o Ghost (2013), curiosamente também sob responsabilidade do mesmo estúdio, e atingiram a ruína absoluta com a fraquíssima história de Black Ops III. Coube então a própria Infinity Ward colocar a série de volta aos trilhos.

Para esta retomada, foram  escalados ilustres presenças como Kit Harington (Jon Snow de Game of Thrones) e de Conor McGregor (Lutador do UFC) que engrandecem a trama, mesmo com participações modestas.

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No futuro, a exploração por recursos naturais levou a humanidade para além da Terra. Com os progressos, uma forte aliança empresarial, constituída de um braço militar (The Settlement Defense Front), conquistou planetas e diversos territórios. Mas a pujança financeira saltou aos olhos, fazendo com que a SDF se voltasse contra a Terra e suas forças de defesa.

Impondo bloqueios comerciais e territoriais, o Almirante Salen Kotch (Kit Harington) acredita que organização é a verdadeira  soberana do sistema solar. Com isso, um conflito espacial-interestelar se inicia.

Os jogadores assumem o controle do Capitão Reyes, comandante da espaçonave Retribution, uma das mais importantes da frota.

A trama apresenta personagens muito bem construídos, carismáticos, e que ao longo das missões vão solidificando um relacionamento, inclusive com o robô humanoide, Ethan. Cada um deles tem seus propósitos, motivações e visão de mundo, tornando a história profunda em muitos aspectos.

A trama apresenta personagens muito bem construídos, carismáticos e que ao longo das missões vão solidificando um relacionamento.

A narrativa, apesar de ser essencialmente linear, conta com escolhas secundárias, onde é possível se aprofundar um pouco mais no conhecimento dos personagens, no sistema solar e em outros cenários.

Esta opção, de escolha de missões, acaba por quebrar o clima da narrativa às vezes. Deixando as coisas mais monótonas, mas somente nestes momentos. Nos demais, Infinite Warfare é como seus antecessores, brutalmente intenso.

E este é o ponto forte da série que ressurge. A campanha é avassaladora, com fases divertidíssimas, impactantes e muito bem desenroladas. A partir do início de cada missão, não há tédio.

Outra característica de CoD é a inteligência dos inimigos, ou a falta dela. Os adversários não elaboram estratégias, não flanqueiam e muitas vezes ficam expostos sem motivo aparente. Mas, é incrível como TODOS apontam suas miras para você, mesmo que exista seus amigos, todos só atiram no seu personagem. As derrotas geralmente são mais pela quantidade de inimigos do que pela eficiência deles.

Um charme a mais deste novo capítulo são os cenários mais escuros. Além disso, percebe-se algumas semelhanças com vários filmes de sci-fi como Eu Robô, por exemplo. Mesmo que não haja uma “Revolução das Máquinas” por aqui.

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E, mesmo que a abordagem seja robótica, IW faz pouco uso dos artifícios não-humanos. Os saltos duplos, dashs e “andar pelas paredes” são pouco explorados, ao contrário por exemplo de Titanfall 2, que abusa destes, com cenários desenhados exclusivamente para aplicação de wallrides.

Com cenários mais fechados,  sombrios, um ótimo storytelling, personagens interessantes e, principalmente, sem forçar a barra, a campanha de Infinite Warfare é um ponto bastante positivo.

Já teve aquela sensação de Déjà vu?

Ao contrário de Black Ops III, o multiplayer de Infinite Warfare é funcional desde o começo. Só isso já contam pontos positivos para o game, uma vez que os jogadores não precisam aguardar por patchs de correções ou melhorias no matchmaking.

https://www.youtube.com/watch?v=bmqEjhdjIjQ

E o jogo da Treyarch parece ter sido a base para construção deste suposto novo capítulo. Os que experimentaram o game do ano passado vão se sentir confortáveis. Tudo é bastante similar – mecânicas, jogabilidade, classes, scorestreaks, perks – parecem ter sidos recauchutados do jogo anterior.

Inclusive os mapas, que contam com locais mais fechados, em muitas bases, parecem uma repaginação de outros capítulos da série. O level design nos induz a acreditar que houve um reaproveitamento, mas isso já acontece há anos na série.

Uma das sutis diferenças fica por conta das movimentações. Os soldados estão ligeiramente mais pesados, o que exige um pouco de adaptação e traz lembranças do passado.

Existe agora, também, um indicador de life sobre os soldados. Fica bem mais fácil saber se os oponentes podem ser facilmente abatidos com poucos tiros. É útil para avaliar as situações e calcular as chances de vitória em um confronto direto.

E Infinite Warfare continua entregando uma gama elevada de personalizações e montagem de classes. As opções para isso são quase infindáveis. Tudo que os fãs gostam está aqui.

Neste quesito, as mudanças se concentraram mais na disposição dos menus que na inclusão de novidades. É claro que quase tudo é diferente e alusivo a trama de Infinite Warfare. Portanto, não espere encontrar aqui algo exatamente igual ao de Advanced Warfare ou o próprio Black Ops. São iguais sendo diferentes, entende?

Um aditivo interessante é o Quartel-Mestre, onde é possível  criar, através de um sistema de mini-crafting, armas e equipamentos. A partir de uma base, os jogadores podem forjar variações em quatro níveis (comuns, raros, lendários e épicos). Cada um deles poderá contar com vantagens específicas, em diversos níveis.

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Mas, tudo aqui é mais do mesmo e isso não é ruim, pelo contrário. CoD: Infinite Warfare é competente em executar sua proposta, entregando um multiplayer com muitos modos, partidas disputadas e muitas variações de personalizações.

Zumbis no Espaço

O modo Zumbis agora se passa nos anos 80, dentro de um parque de diversões. Músicas temáticas, personagens caricatos e muitos segredos são os destaques.

A jogabilidade co-op, preferencialmente com amigos, continua sendo o ponto forte da empreitada. Se reunir com conhecidos, enfrentar as hordas de zumbis e progredir no cenário ainda continua muito divertido.

Não é exatamente algo novo, mas entretém por muito tempo, já que o gameplay é expansível e a renovação da temática deu novos ares ao modo, bastante popular entre todos.

Que se dane, vamos para o espaço

A frase acima representa o jogo. Quando a Activision revela “Que se dane, vamos para o espaço”, a empresa sinaliza que abraça a causa do futurismo sem vergonha ou receio e ela entrega o que propôs desde o início.

A campanha se destaca pelo enredo competente tanto no roteiro, como na execução. O multiplayer continua intenso, como sempre, e por fim, o modo Zumbis conta com uma temática renovada e ainda sim muito divertida.

Mas, como exposto logo no começo, a fórmula já foi muito surrada ao longo de vários capítulos. É executada com competência, é verdade. Os fãs da franquia vão encontrar em Infinite Warfare um bom jogo da série, melhor dos últimos anos. Mas aqueles que desejam algo novo se sentirão frustrados.

E este é o principal problema do game. Fazendo um saboroso arroz com feijão, acabou por descuidar dos temperos que dão aquele gostinho especial a uma refeição. Dessa forma, o jogo ficou no limiar, entre o bom e o médio.

Neste ponto, a Activision se encontra em uma popular sinuca de bico. Como renovar a série ao mesmo tempo em que mantém as características que fazem dela um sucesso?

Veredito

Sistema:

Desenvolvedor:

Jogadores:

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Jogando agora: Horizon Forbidden West (PC)
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