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Injustice 2: Vale a pena?

Injustiça mesmo é você não jogar!

por Daniel dos Reis
Injustice 2: Vale a pena?

De maneira objetiva: Injustice 2 é o melhor jogo de lutas do PlayStation 4, até o momento (2017).

Usando toda sua expertise no desenvolvimento da consagrada série Mortal Kombat e do próprio Gods Among Us, a NetherRealm nos mostra que é perfeitamente possível entregar uma experiência completa em todos os sentidos. Um modo história lapidado em muitos detalhes, Multiverso, repleto de bons combates, disputas online consistentes e a cereja do bolo, um robusto sistema de personalização que permite a customização avançada do vasto cartel de heróis e vilões.

E no final das contas, jogar Injustice 2 é muito divertido. Mesmo aqueles que não se identificam muito com jogos de luta vão se interessar pelo jogo. A novelinha protagonizada por Batman, Superman, Supergirl e muitos outros é muito bacana; A jogabilidade é acessível para os menos habilidosos e, ao mesmo tempo, oferece desafios para os jogadores avançados.

Um jogo feito para fãs de heróis, fãs de jogos de luta e para os demais que sentem curiosidade em adentrar no gênero, mas nunca tiveram oportunidade.

Alianças Despedaçadas

Batman, logo no começo do modo história, faz uma reflexão: “Todo vilão é o herói em sua própria história“. E esta frase define a trama de Injustice 2.

Enquanto Superman ainda acredita que o Regime, liderado por ele, é a melhor opção para paz, Batman segue fiel aos princípios da moribunda Liga da Justiça. Ao mesmo tempo, Gorila Grodd estabelece uma Sociedade – uma espécie de organização de vilões – que tem como objetivo assumir o controle da Terra e por fim, o surgimento de uma ameaça ainda maior que força uma frágil re-aliança entre antigos amigos.

Cada personagem, herói ou vilão, tem sua motivação particular. E cada um deles acredita estar do lado certo da causa.

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Batman e Superman, figuras antagônicas em Injustice 2. Fonte: divulgação.

E Injustice 2 desponta como a melhor narrativa já escrita para um jogo de luta. Todo o emaranhado de conexões, segmentações e história é arquitetada de forma bastante consolidada, preenchendo lacunas e justificando fatos. Vários elementos dos universos particulares de cada um é mostrado de maneira competente e agradável. Fan-service de alto nível.

Com animações e cenas empolgantes, a trama muitas vezes é melhor que a própria pancadaria em si. Por vezes, você vai desejar finalizar as lutas o mais rápido possível somente para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.

A novidade fica por conta das possibilidades de escolha. Em alguns capítulos, os jogadores poderão escolher qual personagem controlar. E estas decisões influenciam inclusive na conclusão do enredo.

O modo história também assume outro papel fundamental. O universo DC é enorme e conta com dezenas de personagens bacanas. Você certamente se sentirá motivado a expandir seu conhecimento sobre heróis e vilões da produtora. Não se surpreenda se, logo após a conclusão de algum capítulo, você não partir para uma busca de informações complementares sobre determinados personagens.

Como dito, Injustice 2 traz uma série de conexões dos universos particulares de cada HQ. Um bom exemplo é como Kara Zor-El, a Supergirl, é apresentada no jogo. A história da moça se conecta de forma orgânica ao Injustice 2, de modo que tem-se a impressão de que esta é a história real e não um enredo paralelo.

São muitas horas – aproximadamente 10h (explorando todos os finais e escolhas) – de um modo muito competente e que coloca a NetherRealm em um nível muito acima das demais produtoras neste quesito.

Tudo isso regrado a um visual espetacular. A modelagem dos personagens é digna de muitos elogios. Ao contrário de Gods Among Us, em que os lutadores tinham feições um pouco estranhas, no segundo capítulo está tudo muito bonito.

Os cenários também fazem por merecer. Animações em plano de fundo, detalhes reluzentes e inspirações em contextos de cada figura. Lutar com Superman como um expectador ao fundo é digno de contemplação.

Acessível, profundo e imersivo

Um dos diferenciais de Injustice 2 é sua acessibilidade. O jogo conta com mecânicas similares ao Mortal Kombat e ao Gods Among Us, obviamente. Com três botões é possível criar alguns combos . Mesmo os poucos adeptos ao gênero conseguirão construir ataques de média dificuldade. Ate mesmo aqueles “esmagadores de botões” vão conseguir extrair algo.

Já os veteranos vão se interessar pelos combos avançados, aqueles que exigem treino, conhecimento dos personagens e, principalmente, timing. A grande sacada é saber conectar um ataque com outro, criando combinações avassaladoras.

E a evolução deste segundo capítulo fica evidente também na jogabilidade. O estúdio se preocupou em criar diversos mecanismos de defesa. Agora, quando seu personagem está sendo surrado por uma daquelas aglutinações de sopapos – aquelas que parecem infinitas – é possível escapar através de rolamentos ou recuperação no próprio ar. Isso evita que você seja destroçado sem chances mínimas de evasão. Mas, a recuperação por exemplo, custa algumas barras de especiais. Um preço baixo para escapar da derrota.

Outros retornos foram as transições de cenários. Elas continuam exageradamente legais. Arremessar um adversário para outro local, assistindo-o se estrepar entre helicópteros, paredes, trens, animais e tantas outras coisas é empolgante…além de competitivamente vantajoso.

Os duelos, quando você entra em disputa com o oponente, apostando suas barras de especiais, também estão de volta. Se você estiver em uma situação de perigo, pode tentar recuperar um pouco de vida apostando barras do super golpe. Perdendo o desafio, você pode sacramentar sua derrota. É um risco que pode valer a pena.

E claro, as interações com os cenários. Usar um crocodilo, material explosivo ou containers para atacar é extremamente eficiente (e visualmente impactante). A adição fica por conta das possibilidades de defesas. Agora também é possível escapar de algum destes.

O bacana de Injustice 2 é que você sente sua evolução no controle dos personagens. Começando pelos ataques mais simples, depois evoluindo para as combinações mais avançadas e, por fim, o uso correto de todas as artimanhas. Você nota que está avançado no aprendizado. Sabendo aplicar os golpes adequados, se defendendo de maneira efetiva das investidas e usando os cenários ao seu favor.

O jogo ganha um plus por contar com personagens icônicos. Você se sente compelido a aprender os movimentos do seu herói ou vilão favorito. Mesmo que ele não seja dos mais fáceis, por puro interesse na figura, você se esforça. Isso é algo um pouco difícil de se conseguir nos demais jogos de luta. Se o estilo de um lutador não nos agrada, geralmente partimos para outra opção. Em Injustice, você faz um esforço extra.

Molde seu personagem

Alardeada pela NetherRealm como uma das principais novidades de Injustice 2, a customização realmente faz a diferença. Com muitos elementos de RPG, agora é possível personalizar o personagem com dezenas de opções. E isso não se resume as alternativas estéticas, elas impactam no gameplay.

Ao concluir uma luta em qualquer um dos modos, o jogador é agraciado com itens de upgrade. Podendo incrementar ataque, defesa, vida, habilidades e ataques especiais. Você pode deixar seu herói ou vilão mais forte a cada luta.

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Sistema de personalização é abrangente. Fonte: captura de tela.

E as melhorias podem ser usadas inclusive nos modos online. Entretanto, caso os jogadores queiram disputas leais, também é possível desativar as melhorias que impactam no desempenho, ficando restritas somente aos aspectos estéticos. O estúdio se preocupou em garantir que as partidas fiquem justas. Se você quiser jogar com suas melhorias, você tem a possibilidade. Caso queira isonomia, é perfeitamente possível.

O jogo ainda conta com um sistema de loots, semelhante ao visto em Overwatch. Através de uma opção nomeada de “Irmão Olho”, você abre suas conquistas. Nas partidas do Multiverso, você recebe caixas como recompensas. Elas são divididas em níveis: diamante, ouro, prata, etc. Essas caixas fornecem os itens para personalização. Você sempre fica na expectativa de conseguir aquele equipamento raro. Naturalmente isso é uma faca de dois gumes. Se por um lado existe aquela ansiedade em abrir os pacotes, por outro a frustração toma conta quando o ‘prêmio’ não é lá essas coisas.

Multimodos

O jogo não se resume ao competente modo cinematográfico.  A originalidade fica por conta  do Multiverso. Um modo onde é possível enfrentar diversos oponentes com objetivos, dificuldades distintas e modificadores que interferem nas lutas. São eventos temporários similares as Torres de MK.

Cada um dos mundos é um universo paralelo de Injustice. Para quem não conhece, o título explora viagens temporais e outras linhas correlatas em realidades alternativas. Daria um ótimo filme.

A conclusão (vitórias em lutas) destes mundos rende caixas de itens, usadas nas melhorias e personalização.

O Multiverso em si é bastante desafiador. Em muitos casos será necessário evoluir bastante os lutadores para se ter uma chance palpável de vitória.

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O desafiante Multiverso é uma das novidades. Fonte: captura de tela.

Mas, para agrado dos noobs,  existem os modos de treino, onde é possível aprender o básico do jogo (tutorial), usado em todos os personagens, e as habilidades individuais de cada um (treinamento). O tutorial de cada personagem é especialmente interessante, pois permite um conhecimento mais amplo de cada uma das opções. Mesmo que você não se interesse por todos, é importante saber quais as combinações aplicadas pelos adversários para poder escapar de uma situação de apuros.

E também as opções online. Partidas Oficiais, Casuais, Privadas e as Salas de encontro. Injustice 2 está refinado em suas conexões. Mérito da fase de testes beta, que possibilitou melhorias e ajustes no netcode. As partidas estão fluindo muito bem, sem maiores problemas ou detalhes que atrapalhem.

E esteja preparado para as partidas oficiais. Os oponentes estão em alto nível.

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Modos online estão funcionando muito bem. Fonte: captura de tela.

Localização de altíssimo nível

Você já deve saber, mas Injustice 2 está totalmente localizado em nosso idioma. E, ao contrário de MKX que contou com a infeliz participação de celebridades, o novo jogo da NetherRealm conta com profissionais de respeito.

Wendel Bezerra, Márcio Seixas, Guilherme Briggs, Priscila Amorim, Philipe Maia, Márcio Simões e muitos outros emprestam suas vozes para os vilões e heróis. É impossível não ficar empolgado com a imponente voz do Batman, remetendo diretamente ao desenho dos anos 90.

O único ponto falho é a sincronização. As vezes, os movimentos labiais não refletem o que está sendo dito. A explicação é que os dubladores não tinham qualquer referência. Todo processo de localização foi feito sem nenhum tipo de cena. Mas, nada que tire o brilhantismo de todo trabalho.

Injustiça, é você não jogar

Injustiça mesmo, é você não experimentar o título. Brincadeiras à parte, mesmo que você não seja um fã do gênero, vale uma espiada no modo cinematográfico só para conferir a trama que é bem legal.

Injustice 2 é excelente. Os únicos pontos que merecem menção são: sincronização da dublagem na versão nacional e o equilíbrio de personagens. Alguns lutadores, como Aquaman por exemplo, estão um pouco acima dos demais. Isso, com certeza, será ajustado com o tempo. Em jogos competitivos, é natural que atualizações com balanceamentos e equilíbrios sejam disponibilizadas em um curto espaço de tempo.  E ressaltando: não são considerações que desabonem o título de uma forma geral.5

Um jogo bem completo em todos os aspectos. Modo história refinado, Multiverso desafiante, Online coeso e um robusto sistema de personalização que aumenta substancialmente a longevidade da experiência.

Mais um grande jogo de 2017, um excelente ano para os gamers.

Veredito

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Daniel dos Reis
Daniel dos Reis
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