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L.A. Noire: Vale a Pena?

Confira análise completa!

por Thiago Barros
L.A. Noire: Vale a Pena?

Spoiler alert: se você jogou L.A. Noire no PS3, ignore o review. Não há nenhuma novidade que faça valer a pena comprá-lo novamente. É só uma versão com o visual levemente melhorado – e todos os DLCs. Mas para quem não jogou…

Só o fato de ser um jogo da Rockstar Games já chama a atenção. E ele é um dos melhores já feitos pela empresa. Por isso, fez tanto sucesso em 2011, quando foi lançado originalmente, e ganha uma versão remasterizada agora. O jogador assume o papel de um detetive que resolve casos curiosos em Los Angeles nos anos 40.

Em paralelo a isso, alguns flashbacks mostram a história do passado dele, que deixou as Forças Armadas para trabalhar neste serviço. Um enredo bem amarrado e que é combinado com um gameplay que marcou época, baseado em uma tecnologia de reconhecimento facial inovadora. Tudo isso em uma ambientação perfeita da época. É um belo jogo.

De cinema

“Noire” significa “preta” em francês. “L.A.”, claro, são as iniciais de Los Angeles, uma das cidades mais famosas dos Estados Unidos. Então, o jogo se chama “Los Angeles preta”? Mais ou menos. Ele faz referência aos filmes “noir” (“preto” em francês), um estilo criado justamente nos anos 40, em Hollywood (que fica em Los Angeles), e que norteia a abordagem do game.

O estilo consiste em filmes de drama que têm foco em atitudes cínicas e motivações sensuais. Eles utilizam visuais mais obscuros, com raiz no Expressionismo Alemão, e têm histórias que derivam da ficção criminal que se popularizou na América durante a Crise de 1929. São quase sempre histórias de detetives em busca de soluções para casos envolvendo romances.

É exatamente nessa linha que segue a carreira de Cole Phelps, agente da polícia de Los Angeles (LAPD), brilhantemente interpretado por Aaron Staton, de Mad Max. Ele começa a se destacar no seu trabalho como policial, rapidamente é promovido a detetive e, enquanto luta com “fantasmas do passado”, soluciona casos que destrincham redes de corrupção na cidade.

É um enredo muito bem trabalhado, com histórias em paralelo, feedback, conexões entre alguns casos e diversas áreas para explorar. De cinema mesmo. Ou melhor, pelo formato com que ele é apresentado, poderia até se encaixar em uma série, daquelas estilo Miami Vice – aliás, Rockstar, muitos fãs pediram um game nesses moldes com temática do Sul da Flórida nos anos 80, hein.

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A charmosa Los Angeles dos anos 40.


O único ponto negativo é que toda essa imersão é somente para quem sabe inglês. Afinal, L.A. Noire não tem versão dublada. E nem mesmo legendas em português. Uma pena, pois o nosso mercado de games não pára de crescer e diversos grandes jogos já dão essa atenção a ela. Na própria Rockstar, Max Payne e GTA, por exemplo, conta com algum tipo de localização.

E sendo bem claro: se você não domina o idioma de forma suficiente, este jogo, definitivamente, não é para você, já que ele conta com um enredo elaborado e outras nuances que exigem a compreensão do inglês.

Cara-crachá

O grande atrativo de L.A. Noire é a forma como o detetive consegue interagir com testemunhas e suspeitos. O gameplay consiste, basicamente, em aceitar uma missão do seu comandante e ir ao local do crime. Lá, você coleta pistas, anota tudo no seu caderninho e procura pelas pessoas que possam ser úteis na investigação.

É aí que surge a MotionScan, tecnologia incrível que usou 32 câmeras para capturar gestos dos atores envolvidos e os traduziu em expressões para os personagens. Assim, na hora de abordar alguém, você pode estudar os seus movimentos faciais para identificar se estão mesmo dizendo a verdade. É genial.

Além disso, você tem três maneiras diferentes de abordar a testemunha: como um “policial bom”, gentil e cordial, “policial mau”, que dá uma prensa, ou “acusar”, quando você seleciona uma das suas provas coletadas pelo local para garantir que aquela pessoa está comprometida. É crucial escolher como interagir de maneira correta a cada caso para ter um melhor resultado.


Mas o jogo não fica só nisso. A jogabilidade é em terceira pessoa, e você controla Cole Phelps não só para ir aos locais, andando ou em algum veículo, como para perseguir suspeitos e fazer algumas atividades extras no mundo aberto de L.A. Noire. Há alguns tiroteios, corridas de carro, e claro, locais para visitar e coletar pistas.

O estilão do jogo é bastante parecido com o de GTA, porém com você sendo um mocinho, não um bandido. Por isso, precisa tomar alguns cuidados, como não atropelar ninguém na rua, e não sair destruindo veículos; mas você também pode “roubar” carros, só que usando seu distintivo, e dizendo que é para uma emergência policial. Bem legal.

Cheirinho de PS3

Só que, no fundo, L.A. Noire é um jogo de PS3, e isso fica bem claro em alguns pontos. Como na movimentação dos jogadores e nas animações dos corpos dos personagens. Se os rostos têm o trabalho da MotionScan, o restante é bem básico da época, e não foi melhorado para o game no PS4. As movimentações de mãos e braços nas cenas aproximadas, por exemplo, não agradam.

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Gráficos e mecânicas são datados.


Você fará muita coisa em “zoom”, como analisar objetos, pistas e corpos, além das anotações no bloquinho que é o grande “hub” de cada caso. E aí você percebe a diferença. Aliás, os gráficos, é claro, estão melhores do que na versão original, mas também não chegam a causar a impressão de serem de um jogo nativo atual do PlayStation 4.

Assim como a locomoção dos personagens, especialmente em momentos de mais ação. Ela dá a sensação de ser um pouco “travada”. Não é fluída, como em GTA 5, por exemplo. Não chega, claro, a ser um grande problema, mas incomoda em alguns momentos – especialmente em locais logo após “cutscenes” longas, quando você morre e aí vê tudo de novo, pois não há “skip”.

Algo que também mostra essa diferença de 2011 para 2017 é o mundo aberto. L.A. Noire possui uma ambientação ótima, mas poucas atividades além das missões principais. Você até encontra um bandido ou outro, tem que coletar todos os carros, mas não chega nem perto do que os jogos atuais oferecem em termos de “sidequests“.

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Cidade parece vazia.


Ou seja, se você pretende comprar L.A. Noire para o seu PlayStation 4, deve ter em mente que o jogo não terá gráficos e jogabilidade semelhantes a dos lançamentos desta época; talvez o visual no PS4 Pro seja mais diferenciado, mas no PS4 “comum”, não. Ele é feito pra apreciar interações diferenciadas, bela ambientação e ritmo diferente de jogos de aventura populares atualmente.

Oui

A balança, porém, pesa um pouco mais para o lado positivo do que para o negativo. L.A. Noire não é considerado, por muitos, um clássico à toa. A experiência que o jogo proporciona ao usuário que compreende a sua proposta é muito bacana. O jogo é viciante e faz com que você possa ficar no console horas e horas. Se for perfeccionista, então…

Afinal, ao fim de cada caso, você volta à estação de polícia onde trabalha, e lá não só poderá ter os próximos capítulos da história como também voltar aos já solucionados para tentar abordar os suspeitos de maneiras diferentes, coletar mais pistas e completar os 100% de cada um deles. Dá trabalho, mas pode ser divertido e aumenta o nível de replay do game.

Solucione crimes brutais, complôs e conspirações inspiradas por crimes reais da Los Angeles de 1947, em um dos períodos de maior corrupção e violência da história da cidade. Procure pistas, persiga suspeitos e interrogue testemunhas em sua luta para descobrir a verdade em uma cidade onde todos têm algo a esconder“.6

O resumo oficial de L.A. Noire na PlayStation Store diz muito. É um belo jogo. Talvez, se o preço não fosse cheio (R$ 200) ele merecesse um “Recomendado”, mas se tratando de uma remasterização sem adição de muitas novidades (a não ser que você tenha um PS4 Pro e uma TV 4K), é melhor esperar um pouco.

Mas, novamente, conforme avisamos lá no primeiro parágrafo do texto: somente para quem não jogou no console anterior. E, como reforçamos no último parágrafo antes deste entretítulo: se os compradores souberem exatamente no que estão investindo. Se você se encaixa nestes grupos (lembre-se da ausência de localização), vá sem medo.

*A cópia do jogo foi enviada pela Rockstar Games para avaliação.

Veredito

L.A. Noire
L.A. Noire

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: Team Bondi

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
75 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Enredo e ambientação perfeitos
  • Jogabilidade boa
Desvantagens
  • Não há grandes novidades em relação a versão de PS3
  • Gráficos datados
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.