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PlayStation VR: Vale a pena?

por Thiago Barros
PlayStation VR: Vale a pena?

Quando você veste o PlayStation VR, se sente em um filme. Tanto por parecer que esse headset é algo muito futurista e sci-fi, como também por ter a impressão de que você é mais um “ator” nos games. Por isso, na análise do Meu PS4, dividimos o que achamos do PlayStation VR em capítulos de uma saga.

O headset de realidade virtual da Sony chegou ao mercado com a intenção de tornar a RV mais popular. Mais barato do que os concorrentes, como Oculus Rift e HTC Vice, ele chega com a chancela do mais popular console da atual geração. Mas ainda dando os seus primeiros passos, será que ele é um bom investimento? Confira abaixo.

Importante: não vamos entrar em grandes detalhes técnicos aqui, mas caso queira mais informações e esclarecimentos sobre isso, confira “tudo o que você precisa saber antes de comprar” o PlayStation VR que fizemos. ou o FAQ da Sony sobre o produto.

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PlayStation VR e o conforto dos óculos

First things first: vamos falar dos óculos em si. Quando você olha, pode parecer que se trata de um baita trambolho. Mas a realidade está longe disso. Ele é super leve e muito confortável de usar. Sem falar no visual que, na minha opinião, é bastante atrativo. Não há muito o que reclamar nesse ponto.

O manejo dos óculos é simples, a borracha na parte interna faz com que colocá-lo seja agradável e sem dores, seu sistema de ajuste à cabeça é bastante prático e depois de um tempo, você nem sente mais que está usando. É claro, você vai precisar fazer uns ajustes ou outros, antes e durante os jogos, mas nada que incomode.

A única coisa que pode incomodar um pouco é o suor. Caso fique muito calor na sua casa ou você seja uma pessoa que fica suada com facilidade, irá sofrer com o PS VR. Tente jogar sempre em um ambiente bem arejado. Caso não consiga, use uma toalha para se secar e siga as instruções da Sony para limpar o produto.

É importante também tomar alguns cuidados para evitar problemas com o PlayStation VR. Segurá-lo só com as duas mãos e apenas pela headband, evitar poeira e luz direta, limpar as partes de borracha separadamente e usar apenas panos secos de microfibra para secar as lentes são algumas delas.

PlayStation VR e a impressionante imersão

OK, ele é lindo, confortável e tudo mais… Mas e a jogabilidade? Bom, mais um ponto a favor do PlayStation VR. A imersão que ele proporciona é incrível, e você só sentirá na hora em que colocá-lo. Não há como descrever e não há como você entender lendo as nossas palavras ou vendo um vídeo.

Nem todos os jogos são super bonitos ou divertidos, mas todos fazem com que você se sinta dentro deles. O PlayStation VR Worlds é um ótimo exemplo disso. Ele é um disco (ou download digital) com cinco diferentes experiências de realidade virtual. E algumas são bem mais legais (The London Heist, por exemplo), mas todas muito imersivas.

Li alguns reviews falando sobre problemas de rastreamento dos movimentos pela PS Camera. Eu, particularmente, tive muito poucos. Um deles, inclusive, no London Heist, para pegar alguns objetos. Mas nada de muito grave ou que estragasse o que estava acontecendo nas cenas.

O que acontece é que a câmera rastreia as luzes do headset para interpretar os seus movimentos. Por isso, qualquer influencia de luz externa pode atrapalhar. Portanto, o ideal é jogar o VR com as luzes do ambiente apagadas. Isso ajuda não só a criar uma ambientação ainda mais imersiva, como a melhorar o tracking do aparelho.

Além do PlayStation VR Worlds, joguei algumas demos do disco que vem incluso no PlayStation VR (como HeadMaster, um joguinho super divertido de futebol onde você tem que dar cabeçadas para o gol), Robinson: The Journey (uma aventura no meio de uma grande floresta com dinossauros) e o assustador Until Dawn: Rush of Blood.

As análises de cada jogo são à parte, e você vai lê-las aqui no Meu PS4, mas o que eu preciso dizer neste artigo é que todos me proporcionaram experiências bem legais de realidade virtual. Imersivas, realistas e com gráficos bem bacanas (especialmente em Robinson, que é um show visual da Crytek).

Aliás, aproveitando o tema gráficos, o PlayStation VR é apenas satisfatório neste ponto, o que já era esperado. Não espere o mesmo visual da tela da TV no seu headset, pois isso não acontecerá. Mas isso não quer dizer que os gráficos sejam ruins no VR. Tudo funciona muito bem da forma como é proposto.

Você pode ter algumas dificuldades com leitura e imagens borradas no começo, mas é só seguir o passo a passo de configuração da Sony nas configurações do PlayStation 4 e posicionar corretamente o VR que você pega o jeito. A reprodução das imagens é fiel e precisa, sem quedas de framerate e, consequentemente, poucas chances de enjoo. 

PlayStation VR e os preços polêmicos

Conforto, imersão e experiências únicas justificam a precificação do PlayStation VR? Para quem já tem uma PS Camera, ele custa US$ 399. Mesmo preço de um console PlayStation Pro. Na minha opinião, é um preço justo e acessível nos Estados Unidos. Bem inferior ao Rift e ao Vive, por exemplo.

E por que o título deste capítulo é “preços polêmicos”? Primeiro, por causa dos jogos. Robinson, por exemplo, custa US$ 60. O VR Worlds sai por US$ 40. Somente alguns games saem por US$ 20, como Batman e Until Dawn, e outros, mais simples, custam mais barato do que isso.

Acredito que, se a intenção é democratizar a realidade virtual e facilitar o acesso aos consumidores, estes preços deveriam ser menores. Acho US$ 60 um preço altíssimo para os jogos que temos agora no VR, mesmo sendo lançamentos. É um valor muito justificável para Resident Evil 7, que vem aí em janeiro. Não para Robinson.

Portanto, se você for comprar um VR, prepare-se para gastar bem mais do que o seu preço inicial de US$ 399. Especialmente se você não tiver uma PS Camera (US$ 50) e/ou quiser comprar controles Move (US$ 100). Somando os acessórios a um ou dois jogos, sua compra pode sair por mais de US$ 500.

PlayStation VR e a confusão com os fios

A instalação do PlayStation VR é bem menos traumática do que muita gente pinta por aí. OK, são muitos fios, mas nenhum bicho de sete cabeças. Ele vem com um manual bastante completo, seus fios são numerados e há instruções de como/onde ligar cada cabo. Fique tranquilo, é possível fazer tudo rápido e sem dificuldades.

Os problemas são mais estéticos, pelo fato de deixar tantos cabos à mostra, já que é extremamente recomendável que o VR não fique em locais fechados. Além, claro, do fato de o headset ser sempre ligado por um cabo à unidade de processamento (easter egg do Death Strandings, será?).

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No meu caso, a experiência com cabos ficou pior porque meu extensor do cabo que faz a ligação do headset do PlayStation VR à unidade de processamento veio com algum problema e não está funcionando (aliás, querida Sony, se vocês puderem me ajudar com isso, juro que agradecerei eternamente).

É claro que é um pouco esquisito depois de tanto tempo com o DualShock sem fio voltar a ficar conectado a um console desta forma. Mas você se acostuma. Acho que algumas pessoas estão dando ênfase demais a esse ponto em suas análises, porém, para mim, não foi such a big deal.

É óbvio que seria melhor ter menos fios e um cabo maior do headset sem precisar de um conector/extensor que pode pifar, mas tudo bem.

PlayStation VR e o mercado brasileiro

Esse é um dos grandes calcanhares de Aquiles do PlayStation VR para nosso público. Ele ainda não tem previsão de chegar ao Brasil oficialmente e, por isso, caso você vá para o exterior e compre o aparelho, não terá suporte por aqui (o que acontece comigo no caso do cabo extensor, por exemplo).

Sem falar no preço abusivo que muitos importadores estão cobrando. Moro no Rio de Janeiro e já encontrei alguns lugares aqui vendendo o aparelho por R$ 3.800. Assim, certamente, (desculpem o spoiler) não vale a pena comprá-lo. Valor altíssimo e sem qualquer suporte oficial fazem desta uma combinação perigosa.

Mas para quem traz o PlayStation VR do exterior, há pontos bem positivos. Você não precisa pagar impostos, pois ele custa menos de US$ 500 e pode vir na sua cota de compras do exterior (desde que você não ultrapasse esse limite) sem taxas extras. Além disso, muitos dos jogos já têm conteúdo traduzido para o português.

Para quem não tem essa oportunidade, sugerimos aguardar um pouco mais até sua hype baixar e, com isso, os preços também caírem. O mercado brasileiro ainda está vendendo o VR muito caro para o que ele oferece, sem falar que você ainda precisa ter uma conta da PSN-US para comprar os jogos, pois eles não aparecem na PSN-BR.

PlayStation VR e a incógnita do futuro

O último capítulo a se ponderar e analisar em relação ao PlayStation VR é o seu futuro. Há algumas coisas boas por vir, como Resident Evil 7 em janeiro, além de Farpoint com seu controle em formato de arma, que ainda não tem data de lançamento prevista. Mas ainda não há outros grandes games prometidos para 2017.

Não sabemos se haverá jogos AAA em breve no PlayStation VR, e isso acaba sendo um pouco preocupante. Quem sabe nos próximos meses tenhamos mais novidades, porém depois de Resident Evil no começo do ano, o futuro do PS VR em 2017 ainda fica uma incógnita.

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O lineup atual do PlayStation VR já não é dos mais fortes. Apesar de ter alguns jogos divertidos e bastante imersivos, não tem games das empresas gigantes e os próximos grandes lançamentos, como Horizon, God of War e The Last of Us Part II, como são em terceira pessoa, não devem ter foco no headset.

Ninguém sabe como estão as vendas do PlayStation VR – apesar de que em Nova York, onde eu comprei o meu, ele estava esgotado em todas a grandes redes – e nem quanto a Sony vai investir nele daqui para a frente. Ele pode vir a ser um sucesso como poderá se tornar “um novo Vita”, por exemplo.

PlayStation VR e o perfil do jogador

Adquirir um PlayStation VR pode ser um grande acerto, como também um erro enorme. Tudo depende do seu perfil de jogador. Se você comprá-lo pensando nos blockbusters do PlayStation 4 e em gráficos excelentes, vai se decepcionar. Mas caso saiba o que o headset realmente pode te oferecer, você ficará surpreendido positivamente.

Há muitas experiências divertidas no PlayStation VR, como RIGS, Until Dawn, VR Worlds e, em breve, Resident Evil 7. Sem falar em outros joguinhos mais simples (e baratos) já disponíveis na PSN, como Headmaster. Mas os preços não são baixos e é preciso ter a conta americana da loja virtual para baixá-los.

Além dos jogos compatíveis com o VR, ele também pode ser usado no modo Cinematic, para rodar jogos comuns e ver filmes nas lentes dos óculos. Não cria a imersão em 360 graus, e sim cria uma espécie de tela de cinema na frente dos seus olhos. Pode ser um modo bacana de visualizar o conteúdo.

O grande ponto aqui é o que define a análise do PlayStation VR. Para mim, ele foi muito bom. Mas porque eu sei exatamente o que ele oferece – e minhas expectativas seguem isso. E, ainda assim, estou “preocupado” com o que está por vir. A falta de anúncios de maior relevância na PlayStation Experience 2016, por exemplo, foi uma decepção.

Mas para quem deseja experimentar a realidade virtual e está disposto a entrar neste filme enquanto ele ainda é uma produção que não conquistou tanto público, ele pode ser um grande presente. Eu, por exemplo, tenho passado os últimos dias todos desde que comprei o PlayStation VR, me divertindo muito com ele.

Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.