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Ratchet & Clank: Vale a Pena?

por Daniel dos Reis
Ratchet & Clank: Vale a Pena?

O jogo baseado no filme baseado no jogo, esta é a premissa inicial de Ratchet & Clank, o mais novo exclusivo que acaba de aportar no PlayStation 4.

Desenvolvido pela Insomniac Games, o título na verdade é um remake do original lançado para o saudoso PlayStation 2, em um longínquo 2002. Contudo, apesar de ser “apenas” uma reconstrução, a versão de 2016 apresenta vários elementos inéditos, principalmente sua coexistência com o filme “Heróis da Galáxia” que estreará nos cinemas brasileiros em maio.

Cercado de grande expectativas, será que a quase nova obra da Sony irá agradar, tantos aos novatos que não tiveram a oportunidade de experimentar o original e ao mesmo tempo justificar uma nova compra por parte daqueles que já conhecem?

Um filme que é um jogo

Ratchet & Clank foi totalmente refeito mantendo a essência. Personagens carismáticos, mecânicas já conhecidas, variedade, entretanto a principal novidade fica por conta de um belo visual que assemelha-se muito aos filmes Pixar. Durante as cutscenes, percebe-se o zelo do estúdio em relação a qualidade das animações. O jogador certamente se sentirá dentro de um filme.

Mas, mesmo que a qualidade visual das cenas sejam respeitáveis, nenhum projeto de multimídia se sustenta sem uma roteirização competente. Neste aspecto, o game da Insomniac Games brilha.

Experimentar o jogo é mesmo como em um longa-metragem. Você é apresentado aos protagonistas e, juntos, vão evoluindo na trama, conquistando confiança, fazendo proezas, para o clímax do fim ser um desfecho apoteótico.

No protagonismo, Ratchet, o último da espécie Lombax (algo como um gato-humanóide). Ratchet é um típico sonhador que deseja, há muito, fazer parte do grupo de heróis responsáveis por proteger a galáxia e, após uma inusitada conexão de acontecimentos (chame de Destino se quiser), ele consegue se juntar aos mocinhos.

Toda a aventura é narrada pelo pastelão Capitão Qwark, líder dos salvadores da galáxia. Assim como em um conto, o capitão vai situando os jogadores sobre o que está acontecendo nas ações, faz comentários pontuais sobre armas, itens, pontos e detalhes dos níveis.

Além do Lombax, outro “herói” também tem papel de destaque no enredo. O simpático “defeito” Clank, um pequeno robô que soma forças ao time com suas habilidades estratégicas e raciocínio lógico para resolução de pequenos puzzles com lasers, pontes, trampolins e energizadores.

Todas estas uniões: herói improvável, melhor amigo robô, comandante sem-noção, inimigos engraçados e belos cenários produzem uma química exata de agradável diversão.

Mecânicas eficientes e nostálgicas

Experimentar Ratchet & Clank é simples. A curva de aprendizagem é quase nula, se limitando a poucos minutos de familiarização de comandos.

Trata-se de um título fácil. Aqueles que já tiveram a oportunidade de jogar algum dos jogos da saga não sentirão nenhuma dificuldade. Por sinal, recomenda-se jogá-lo, desde o início, na dificuldade hard.

Com vasto arsenal ao dispor, os jogadores poderão liquidar os inimigos de várias maneiras possíveis. Com lança-chamas, mísseis teleguiados, foguetes, granadas e tantas outras armas, inclusive uma que transforma os adversários em ovelhas, oferecem uma bela variedade de dispositivos, acessados através do D-PAD ou pelo botão triângulo.

O sistema de evolução de armas também é bastante informal. Basta abater inimigos, destruir caixas e coletar os parafusos. As árvores de skills de cada uma armas podem ser concluídas sem muito esforço. Talvez esta exarcebada facilidade possa frustrar aqueles que desejam um pouco mais de desafio, contudo o game implementou um sistema que favorece a escolha de outras armas – cada inimigo abatido contabiliza XP para a arma selecionada, mas se o equipamento já estiver no nível máximo, o jogador perderá XP.

Em cada uma das bem arquitetadas fases, é possível encontrar cartas colecionáveis, armas mais raras ou mesmo missões secundárias que oferecem outros benefícios.

Outras modalidades como controle de jetpack, sequências de vôos e deslizes sobre trilhos também merecem destaque por pluralizar o gameplay e quebrar o ritmo de apenas andar, bater e atirar.

Ratchet & Clank_2

Apesar das mecânicas terem sido modernizadas para oitava geração, o remake prefere cumprir o básico de forma muito eficiente. Não há muitas inovações nestes aspectos, o que não necessariamente é algo ruim.

Músicas que embalam

Durante toda jogatina, as músicas que embalam o game são muito bem escolhidas e dão o clima exato para todo contexto.

Na maioria das vezes com batidas mais aceleradas, e em algumas com mais discretas, geralmente nos quebra-cabeças, as melodias são o complemento ideal.

O destaque fica por conta da localização nacional, que mesmo com dessincronias pontuais, consegue fazer a diferença. Muitas das vozes são interpretadas por atores-dubladores bastante conhecidos do público como Mário Jorge e Ricardo Juarez.

Piadas bem encaixadas, contextualização, entonação ideal e a combinação de personagem com voz, enriquecem o produto final.

Veredicto

Ratchet & Clank é muito mais que um resgate aos bons tempo vividos por Crash Bandicoot, Sly Cooper, Jak and Daxter, é um alívio. Saber que um jogo descompromissado dos enredos super-realistas consegue mostrar o seu valor, é reconfortante.

Ratchet & Clank

Muito mais que apenas um port para uma geração mais poderosa, as adições no variado arsenal, na diversidade de planetas, na busca por colecionáveis inéditos, novas sequências e coexistência com um futuro filme reforçam a ideia de que remakes podem ser uma valiosa opção, desde que ofereçam aquilo que esperamos, além de adições que justifiquem uma nova compra.

Com um gameplay total de cerca de 15h de duração (pode ser ampliado caso o troféu de Platina seja um alvo), entrelaçado em muitas animações competentes, Ratchet & Clank é obrigatório para os fãs do estilo e muito recomendado para os demais. Tudo isso, somado ao valor de entrada do game, que mesmo em pré-venda, já pode ser encontrado por cerca de R$ 130, fazem dele uma excelente escolha.

2 - Selo de Ouro

Daniel dos Reis
Daniel dos Reis
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Jogando agora: Horizon Forbidden West (PC)
Manager do MeuPS e um cara de muita sorte por trabalhar com aquilo que gosta.