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Resident Evil 7: Vale a pena?

por Thiago Barros
Resident Evil 7: Vale a pena?

O número 7 é um dos mais significativos do mundo para especialistas em numerologia. Ele é chamado de “o número da criação”, da “união do homem com Deus”, por ser a soma do 3 (Trindade Divina) com o 4 (Os Quatro Elementos do Mundo Físico). E esta é somente uma das muitas relações do significado do número com Resident Evil 7.

1Este jogo marca o retorno da série à origem, à criação, apostando no survival horror e em uma jogabilidade em primeira pessoa. Diz-se que o 7 relaciona-se à sabedoria e à busca de outras respostas além daquelas oferecidas. E o que é a aventura de Ethan no jogo senão a procura incessante por soluções para o que acontece na Família Baker? 

“Análise, investigação, lógica e misticismo” são as palavras-chave do 7 na numerologia, mas também descrevem muito bem Resident Evil 7. É um jogo de terror, sim, mas com muita análise e investigação para desvendar os segredos desta aventura, lógica para solucionar múltiplos puzzles e, claro, aquela dose de misticismo necessária da série.

Welcome to the family, son!

O jogo se passa quatro anos após os acontecimentos de Resident Evil 6. O protagonista se chama Ethan Winters, e ele está à procura de sua esposa desaparecida. Durante as buscas, Ethan se vê diante de uma misteriosa plantação de uma família nada amigável, os Bakers, que você já conhece dos trailers e demos.

O enredo é um dos pontos mais importantes de Resident Evil 7, que ganhou o subtítulo Biohazard nesta edição. Este é o nome da franquia no Japão e tem relação direta com a trama do novo game. E aqui voltamos à história do 7 na numerologia. Afinal, ele tem como um de seus significados a Transformação.

Transformações são elementos cruciais de Resident Evil 7, pois logo percebe-se que os vilões da trama, um dia, já foram pessoas comuns. O que aconteceu com eles e o que é possível fazer para impedir que isso continue é o que o jogador tem que descobrir. E ao mesmo tempo que é o número da Criação, o 7 também é o do Apocalipse.

São sete igrejas, sete estrelas, sete trombetas, sete espíritos de Deus, sete trovões, sete cabeças… E, sem dúvida, o que acontece com a Família Baker em Resident Evil 7 pode, sim, ser considerado um apocalipse. Cabe a Ethan Winters fazer com que ele não saia dali daquela fazenda misteriosa.

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Mas como não queremos dar spoilers, vamos dizer apenas que a história é bacana, te envolve no jogo e ajuda muito na experiência imersiva que Resident Evil 7 se propõe a oferecer. Especialmente porque há elementos espalhados pelos cenários que indicam momentos passados da família e detalhes da história que são bem interessantes.

O único problema fica por conta do final do jogo, que não é tão conclusivo e parece dar uma indicação de que muita coisa ainda está por vir nas DLCs que serão lançadas para Resident Evil 7 em breve. Vale lembrar que o Passe de Temporada do jogo oferece três atualizações com episódios relacionados à história do game.

Tensão, sustos e puzzles

Se o 7 está relacionado às pesquisas, o número deste novo capítulo da série Resident Evil não poderia ser mais adequado. Os puzzles e a atenção aos itens espalhados nos variados locais da fazenda são essenciais. Assim, claro, como ficar de olho nos sustos possíveis – o que, mesmo assim, não garante que você não vá se assustar.

Na primeira metade do jogo, o ritmo é um pouco mais leve, introdutório, com momentos de sustos leves. Os destaques ficam por conta das lutas contra o Pai da Família Baker, Jack, na Garagem e na Sala de Dissecação. Sem spoilers, novamente, mas são lutas “divertidas”, com boas mecânicas e ótimas sacadas.

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Solucionar puzzles rápidos também é importante – como no caso de descobrir de onde você pega uma chave para avançar para essa Sala de Dissecação citada acima. Toda atenção aos detalhes é essencial. Especialmente porque há muitos itens escondidos e mistérios que você não resolve no primeiro olhar.

Fora isso, a jogabilidade toda agrada muito. A movimentação é natural, os combates são bastante fluidos, há uma boa variedade de recursos de itens e armas durante as fases… Não há do que reclamar neste aspecto. Resident Evil 7 é um jogo agradável demais de jogar, especialmente para quem curte survival horror.

O uso e gerenciamento de itens e armas é feito por meio de um menu simples e de fácil acesso. O usuário pode definir itens e armas de acesso rápido nos direcionais e usando o triângulo pode abrir o menu para navegar pelos itens e fazer combinações para gerar novos itens. Kits de primeiros socorros e pílulas psicotrópicas, por exemplo, podem ser feitos a partir de outros itens. Há uma boa variedade de possibilidades para os jogadores com seus inventários.

E, como nos clássicos, deve-se levar em consideração a quantidade. Carregar vários itens ocupam espaços no inventário, dessa forma, é importante pensar estrategicamente. Carregar mais munição ou mais itens de cura?

Houve muita polêmica com uma saga famosa por jogabilidade em terceira pessoa ser alterada desta forma. Não há tanta relação com jogos anteriores, o jeito de jogar é bem diferente, mas isso não faz com que o jogo não seja bacana de jogar. Resident Evil 7 é ótimo, e quem tiver algum preconceito com ele vai se arrepender.

O ritmo do jogo é bacana e vai ficando mais sombrio conforme o tempo passa. Ele pode ser dividido de acordo com cômodos e locais da fazenda, além dos inimigos que você é convidado a enfrentar, e conforme a dificuldade vai aumentando, o jogo fica ainda mais divertido – e assustador.

VR impressiona, gráficos nem tanto

O único aspecto em que Resident Evil 7 não chama tanta a atenção é o visual. Com a nova RE Engine, esperava-se mais deste ponto. Não se vê gráficos super realistas, talvez, no máximo, no mesmo nível de outros grandes títulos AAA do PlayStation 4 já lançados há algum tempo. Não chega a ser uma experiência ruim graficamente, pelo contrário. Mas também não é nada que salte aos olhos.

Os cenários e personagens são bem feitos, sim, e não há nada que interfira a ponto de merecer uma crítica. Simplesmente não impressionam como muita gente acreditou que fossem impressionar. Os principais destaques positivos ficam nas ambientações de cenários, com tudo bem detalhadinho. Isso fica ainda melhor com o áudio, que é bem detalhado e faz os ambientes “reagirem” aos seus movimentos.

No PlayStation VR, esse aspecto fica ainda mais evidente, como em qualquer jogo. No entanto, isso não chega a atrapalhar a experiência com os óculos de realidade virtual da Sony, que é ótima. Para quem tem um VR, Resident Evil 7 é obrigatório. Ele oferece uma experiência ainda não vista nesta categoria.

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É o primeiro jogo top de linha a ser completamente suportado pelo VR e cumpre toda a grande expectativa. A jogabilidade é excelente com os óculos e, nos testes que fiz, não senti nenhum problema quanto a náuseas e dores de cabeça. Consegui jogar em certo momento algumas horas seguidas sem problemas.

A movimentação é bem natural, a PS Camera captura os movimentos de forma correta para traduzir para o jogo, e até as batalhas e exploração de itens são muito bem feitas. Lembra um pouco o modo VR de Tomb Raider, porém com liberdade total de movimento e uma duração muito maior.

A imersão é impressionante, com a trilha sonora super adequada, cenários vastos e de alto nível de detalhamento, além de personagens que podem ser assustadores. Jogar Resident Evil 7 no PlayStation 4 já é bacana, mas usando um PlayStation VR pode ser uma experiência marcante.

Vale a pena?

Se foi a numerologia eu não sei, mas a Capcom, definitivamente, acertou com Resident Evil 7. Não é um jogo perfeito, tem falhas, como o final dúbio e os gráficos que não são tão impressionantes, mas ainda assim é um blockbuster. Enredo envolvente, agradável de jogar e super imersivo.

Vale a pena pagar o preço de lançamento e jogar o máximo possível. Fica apenas uma expectativa agora pela chegada do conteúdo extra via DLCs. Afinal, eles parecem que terão importância fundamental para a conclusão da história no futuro. Se você já tem ou vai pegar um PlayStation VR, então, é obrigatório adquirir este título.

Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.