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Shadow of the Beast: Vale a pena?

por Thiago Lima
Shadow of the Beast: Vale a pena?

A mais recente produção do estúdio Heavy Spectrum foi disponibilizada no último dia 17 de maio. Shadow of the Beast chegou como um projeto de remake de um clássico que completa 27 anos. Lançado originalmente pela Commodore Amiga, para Megadrive e aparecendo em outras versões para diversas plataformas, Shadow of the Beast chega a 2016 com uma nova perspectiva exclusiva para o PlayStation 4.

Confira o que achamos do game:

A releitura do game se apresenta com gráficos bem trabalhados. O objetivo foi de aprimorar o visual do jogo original e trazê-lo, definitivamente, para a oitava geração de consoles. Nesse quesito, a produção foi muito bem sucedida. O nível de detalhe no desenho dos projeto é muito grande.

Assim, os personagens são muito bem elaborados, com movimentação fluída e excelente resposta aos comandos, principalmente nas cenas de ação, quando a movimentação é muito bem feita, com capturas de movimento bem próximas da realidade.

Os cenários não ficam para trás. Belas paisagens compõem o portfólio de imagens que deixam o fundo do jogo bem trabalhado. Não podemos deixar de destacar a dinamicidade desses cenários, que se integram ao gameplay, com jogos de luz e sombra e transformando-se em ambientes jogáveis em determinados momentos.

A integração entre personagens e cenários também é destaque. Como prometido, o game é bastante “sanguinário”, sendo assim, os rastros de sangue espalhados em batalhas pintam o cenário, deixando paredes, grama, árvores e qualquer outra estrutura ao redor colorida, em definitivo, de vermelho, tornando ainda mais real a experiência de matança proposta pelo game.

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Esses gráficos são vistos a partir de uma visão lateral, comum nos games de plataforma do fim da década de 1980 e de quase toda a década 1990. Shadow of the Beast é um legítimo side-scroller, que mesmo preso à realidade 2D, onde só podemos ir para esquerda ou direita, possui momentos de transição de cenários que alternam diferentes ângulos de visão, capaz de modernizar a visualização do jogo.

A visão lateral não influencia diretamente na qualidade do jogo. A jogabilidade continua sendo boa, independente dessa fixação da câmera. Mas, esperava-se um pouco mais de inovação neste sentido. Talvez a mescla de dinâmicas ao estilo hack’n slash poderiam ser aproveitadas.

Por essas características, Shadow of the Beast é um jogo em modo single-player clássico, com poucas oportunidades para uma interação online. A opção mais próxima de um modo multiplayer é a interação com as marcas deixadas por amigos nas fases dos jogos, quando podemos deixar presentes ou “devorar suas almas”, sendo essa última uma disputa de velocidade de execução de sequência de botões (golpes), para destravar recompensas que colaboram na evolução do game, como a versão sombria do protagonista, conforme mostra o vídeo abaixo:

Crédito: Arkade TV

Enredo

Shadow of the Beast tem uma história bastante fiel ao game original. E assim como a questão gráfica, o objetivo da produção foi aprofundar um pouco mais nos detalhes do enredo, proporcionando momentos de narração da história, que acontecem à medida que o protagonista se desenvolve e vai superando as fases.

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Por falar em protagonista, seu nome é Aarbron, uma fera que teve origem de uma linhagem especial de seres humanos, sendo retirado de sua família ainda bebê, para ser transformado em uma verdadeira máquina de guerra por um mestre da magia negra, conhecido como Maletoth.

Ao descobrir a possibilidade de existir uma outra criança com o mesmo potencial de Aarbron, Maletoth envia um de seus magos, controlando Aarbron, em busca desse novo bebê.

É justamente nessa parte que começa o gameplay, um pequeno tutorial na primeira fase nos apresenta a movimentação básica de Aarbron, ainda preso ao mago de Maletoth. Cumprindo suas ordens, Aarbron segue em busca do bebê, mostrando toda sua habilidade em assassinatos, em uma demonstração de grande força.

Mas, ao se aproximar do bebê, um dos guardiões sábios da criança, ao ser atacado por Aarbron, toca seu braço, ativando suas lembranças mais antigas, mostrando parte da verdade sobre seu passado.

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Essa revelação revolta Aarbron, cuja raiva expande ainda mais seu poder, o que o liberta do controle do mago, que aproveitando um momento de descuido de Aarbron, sequestra e foge com o bebê.

A sequência da história é a perseguição de Aarbron ao mago com o bebê, como forma de descobrir mais sobre seu passado e se vingar daqueles que o transformaram naquele monstro assassino.

Durante a perseguição Aarbron se depara com diversos desafios, com monstros e locais mágicos, que dependem da resolução de puzzles e muito sangue para serem abertos, bem como da ativação de conquistas durante a jogatina.

O game original

Shadow of the Beast foi um game bastante revolucionário no ano de 1989, época em que os jogos seguiam quase um mesmo padrão de cores (poucas) e tinham a simplicidade de enredo e desenvolvimento como as principais características.

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Sendo assim, trouxe para ocasião um novo conjunto de cores e uma apresentação gráfica diferente, capaz de contar uma história com mais eficiência, trazendo uma nova experiência para os usuários de jogos do tipo plataforma.

Outro destaque do game original foi a trilha sonora. A Commodore Amiga teve o cuidado profissional de montar a trilha do game, de forma combinada ao ambiente e situações do jogo, proporcionando ainda mais dinamicidade ao gameplay.

Ainda hoje a trilha sonora do Shadow of the Beast é uma referência no mundo gamer, tornando-se um outro legado revolucionário do jogo.

Em suma, o game foi um sucesso no mercado de games. Nos Estados Unidos para o Genesis e nos demais países para o Mega Drive, expandiu ainda mais a popularidade desses consoles.

Na sequência foram desenvolvidos Shadow of the Beast II e III, mas o sucesso não foi o mesmo que o primeiro game, quando os jogadores reclamaram que não sentiram o mesmo clima de brutalidade, nem a mesma dificuldade que os atraía no primeiro game da franquia.

Assim, o projeto foi esquecido por alguns anos, quando outros modelos de games e de jogabilidade foram lançados, empurrando um possível remake para a gaveta.

O Gameplay

Aprender a jogar o novo game não é muito difícil. Os comandos são bastantes simples e não dependem de grandes combinações de botões para que os ataques sejam feitos de forma especial. Assim, alguns minutos de jogo já servem para aprender boa parte do repertório de ação de Aarbron.

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Essa constatação já derruba um dos mitos criados antes de seu lançamento, vindos até de declarações de seus produtores, que sugeriam jogo seria naturalmente e somente brutal, praticamente em modo punitivo, como as propostas de jogos modernos como Dark Souls e Bloodborne. Mas, a realidade mostra um jogo acessível e adaptável a diversos níveis de habilidade, cabendo ao jogador escolher qual melhor opção para o seu perfil.

Portanto, a mecânica de combate é diferenciada. Ao iniciar o embate com uma horda de inimigos, o espaço de batalha são limitados por uma espécie de campo de força, atravessável somente pelo inimigos, que só são desativados quando zerado o número de inimigos da horda, de acordo com um contador no canto inferior direito da tela de gameplay.

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A habilidade dessa horda de inimigos é escolhida antes de iniciar a primeira fase, quando o gamer pode selecionar entre os seguintes níveis de dificuldade: iniciante, normal e fera. Cada nível de dificuldade apresenta seu nível de desafio, influenciando diretamente a pontuação final do jogador.

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A pontuação é o diferencial da competitividade do game. As fases são compostas por pequenos desafios, que em sua maioria se referem à performance nas batalhas contra as hordas inimigas, que são recompensados, de acordo com o desempenho do jogador, com badges de chumbo, bronze, prata e ouro, que também funcionam como multiplicadores de pontuação final.

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Alguns outros moderadores de pontos:

  • Tempo de conclusão dos níveis/fases;
  • Número de assassinatos;
  • Formas como acontecem os assassinatos;
  • Número de itens/bônus encontrados;
  • Utilização (e tempo de manutenção) dos especiais;
  • Número de ressucitamentos;
  • Número de vezes que Aarbron foi atingido.

Assim, ao completar a fase, os pontos são calculados e computados a favor do jogador, que pode comparar, em tempo real, caso conectado à internet, com a performance de todos os jogadores que já testaram o game.

Os pontos, além de ser servir como base de comparação, também são convertidos em manas, uma espécie de moeda interna do game que serve para evoluir o personagem, adquirindo habilidades extras, bem como poderes especiais. O inventário de evolução de Aarbron é bastante variado e os manas são fundamentais para aumentar seu level.

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É justamente nesse momento, de aferição dos pontos, que ocorrem o salvamento do game. Sendo assim, os saves não podem ser realizados durante o jogo, mas somente no final da fase, quando finalizado determinado level. Ainda assim, é possível sair a qualquer momento da fase, voltando ao mapa, sem perder os pontos conquistados até aquele determinado momento.

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A medida que as fases são completadas, alguns itens também são desbloqueados como forma de conquista e ficam acessíveis pelo mapa, geralmente nos arredores da fase concluída. Essas conquistas podem variar, sendo possíveis novas fases, ou itens de história, que facilitam o entendimento do enredo proposto no game.

Outra forma de desbloquear essas conquistas é encontrando algumas esferas de poder espalhadas pelas fases. Ao destruí-las, o jogador consegue liberar alguns itens extras no mapa do game.

Vale um destaque para uma curiosidade sobre o mapa do game. Bastante intuitivo e fácil de navegar, o mapa nos traz à lembrança a arte abertura do seriado Game of Thrones, o que traz um valor especial para os fãs da adapatção.

Jogo legendado em Português

O jogo possui todos os menus em português, o que facilita muito a interação com os jogadores brasileiros. Mas os itens de história, disponíveis para explicar um pouco mais o enredo do game, baseando-se na apresentação de imagens e pequenos vídeos, estão todos em inglês e legenda em português.

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É claro que se o game já fosse todo dublado, seria mais atrativo para o mercado brasileiro, mas presença da legenda em português já é um ponto positivo.

O game ainda apresenta um outro diferencial (um tanto bizarro) quando aos diálogos presentes nas cutscenes. Cada região do mapa possui personagens específicos daquela região, que por sua vez, falam sua própria língua. Originalmente, não entendemos nada do que é dito por eles, já que as legendas, mesmo presentes, estão dispostas em símbolos que não podem ser interpretados, seja pra quem fala inglês ou português do Brasil.

Sendo assim, é preciso acumular manas para que possamos trocar e ativar os tradutores de cada uma das regiões do mapa, fazendo com que entendamos os diálogos e possamos ter mais pistas sobre o passado e o futuro de Aarbron em sua aventura.

Conteúdo Extra

Shadow of the Beast, mesmo sendo um exclusivo, já veio presenteando os usuários de PlayStation 4. O game conta com a possibilidade de os jogadores se aventurarem na primeira versão do game, a versão clássica de 1989.

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A experiência é interessante para aqueles que curtiam os jogos de plataforma e para aqueles que não tiveram contato com os consoles da versão original do game. É possível perceber o quanto revolucionário foi o jogo (em 1989).

Vale o que custa?

Shadow of the Beast pode não ser um jogo complexo, ou até mesmo ter criado uma expectativa diferente para alguns fãs, esperavam um game com requintes de God of War, por exemplo. Mas é um jogo que prometeu ser o remake de um clássico jogo de plataforma e, sem dúvida, o entregou a um preço honesto, por isso optamos pela recomendação.

Os gráficos foram muito bem elaborados, apesar do visual de animação (principalmente nas figuras humanas), que não atrapalhou o jogo e ainda foi capaz de dar um ar acartunado ao game, que agregou mais diversão.

Assim, não foi sua proposta ser um jogo AAA, mas atende a um determinado público que curte jogos do estilo plataforma, nos moldes dos famosos do passado.

Sem contar com um modo co-op ou multiplayer, o jogo corre o risco de se tornar repetitivo, tendo em vista a redundância de embate com hordas nem tão desafiadoras assim, dependendo do nível escolhido para o gameplay.

Mas lançado ao preço de R$ 61,50 na PlayStation Store brasileira, apresenta um boa relação custo benefício, sendo um jogo arrojado a um bom preço, prometendo boas horas de gameplay, em diferentes níveis de dificuldade, consegue sustentar uma longevidade razoável na biblioteca de jogos de todos os tipos de jogadores.

2 - Selo de Ouro

Thiago Lima
Thiago Lima
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Jogando agora: Nada no momento.
Assessor administrativo por formação e redator gamer por paixão. Entusiasta da PlayStation e fã de The Last of Us, Uncharted e PES.