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Titanfall 2: Vale a Pena?

por Daniel dos Reis
Titanfall 2: Vale a Pena?

2 - Selo de OuroSupreendentemente, o melhor de Titanfall 2 é seu modo campanha, não por ser muito acima do multiplayer, mas sim por oferecer um single-player bastante sólido, com uma boa trama e um roteiro melhor ainda.

Enquanto estamos acostumados ao dualismo “campanha interessante e multiplayer pouco abrasivo”, ou o inverso, “multijogador profundo e single-player decorativo”, Titanfall 2 brilha por ser um ponto de equilíbrio. Na verdade, um jogo bastante completo.

Além disso, a Respawn Entertainment soube aproveitar o feedback do período de testes e implementou melhorias que o tornaram muito mais apetecível.

Acompanhe nossa crítica ao título.

Possante como um jato, veloz como um foguete

Uma experiência como Titanfall 2 não pode, levianamente, ser resumida em uma única palavra. Mas existe um termo que explica muita coisa: “rápido”.

Este é, de longe, o FPS mais dinâmico do mercado. Deslizar pelo chão, andar pelas paredes e saltar pelas plataformas pode ser feito de maneira bastante veloz e de forma orgânica. Isso quer  dizer que não se exige muitas habilidades dos jogadores. A jogabilidade do título carrega consigo a alcunha:  “fácil de aprender, difícil de dominar” e é exatamente isso que torna o jogatina viciante.

Você começa experimentando os recursos básicos: correr, deslizar, saltar e, conforme se afeiçoa aos cenários, consegue concluir sequências de movimentos plásticos interessantíssimos. Tudo acontece de forma fluída, suave e sem quedas de framerate.

Mais adiante, as combinações se mostram parte efetiva do jogo e não se limitam ao campo estético-plástico. Os cenários foram construídos para que os jogadores usem-nos de variadas formas. Existem muitas aberturas e locais onde podem ser feitas entradas apoteóticas para surpreender os inimigos.

Isso faz com que matar e morrer seja muito simples e divertido.

E ele se mostra difícil de dominar quando assumimos o controle dos poderosos titãs. Ao todo são 6 classes diferentes, cada qual com suas habilidades singulares.  As potentes máquinas são únicas entre si. Tem-se as mais velozes, as lentas, porém mais fortes e as equilibradas.

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Alguns modelos são capazes de plantar ardilosas armadilhas, enquanto outros possuem agilidade inigualável e existem aqueles com habilidades de tiro à distância.

Com isso, os combates se tornam estratégicos. Entrar no confronto direto, sem o mínimo de conhecimento dos adversários e da sua própria máquina, é receita infalível para o fracasso.

Um ponto melhorado em relação ao beta foi o tempo de espera para chamar o titã. No período de teste levava-se muito mais, o que gerou reclamações da comunidade. Na versão final, este tempo foi reduzido consideravelmente, o que favorece à diversão, afinal este é o grande diferencial do game.

Já os cenários possuem um pouco de verticalidade. Os ambientes são altos, grandes e espaçosos, tornando propícia a movimentação dos mechas. Mesclado a isso, existem as partes mais enclausuradas, favorecendo os confrontos dos pilotos. O estúdio conseguiu equilibrar muito bem esta equação. Oferecendo mapas grandes, mas com boas áreas fechadas.

Aprenda com o passado para melhorar seu futuro

O primeiro Titanfall (2014), apesar de ser um bom jogo, foi duramente criticado por entregar pouco “tudo”. Poucos modos, poucas armas, poucos titãs e personalizações limitadas fizeram com que o título fosse deixado de lado pelos jogadores.

Com Titanfall 2, a Respawn mostra que aprendeu a lição.

O novo game conta com vários modos de jogo: Recompensa, Ponto de Controle Amplificado, Sobrevivência de Titã, Cada um por Si, Exaustão, Capture a Bandeira, Pilotos vs Pilotos, Coliseu e partidas personalizadas.

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Alguns destes são comuns a vários jogos do gênero. Capturar a bandeira, team dethmatch, capturar os pontos, etc.

Os destaques ficam por conta de três opções:

Exaustão: Um mata mata em equipe que envolve titãs, bots e pilotos. O interessante é que nele tudo é incrivelmente intenso, com partidas onde não há tempo para respirar. Mesmo.

Recompensa: Neste, ao abater os adversários, você recebe dinheiro e, após a conclusão de uma “onda”, você deve depositá-lo em um local específico. Vence a equipe que depositar mais. Contudo, se o jogador for morto antes de depositar os pontos, ele sofre um cruel débito.

Coliseu:  Dois jogadores se enfrentam em uma espécie de arena, mas para entrar neste modo é necessário pagar uma taxa com moeda do jogo.

O jogo conta também com uma boa variedade de armas e attachments. Os titãs podem ser personalizados com melhorias em seus kits. Ambos, pilotos e mechas, contam com uma extensa lista de itens cosméticos. Tudo para deixar o jogo mais personalizado.

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Entretanto, apesar do upgrade, Titanfall 2 ainda fica aquém dos seus concorrentes neste quesito. O jogo, até este tempo, é limitado em configurações. Nesta condição, os progressos foram medianos.

Outro ponto, que não chega a influenciar na experiência, mas que é perceptível, são os menus. Eles são pobres em cores, design e disposição.

Uma campanha que surpreende

Ausente no primeiro capítulo da série, a campanha de Titanfall 2 é muito competente. Uma das melhores (considerando somente jogos FPS) dos últimos anos, sem exageros.

Na trama, assumimos o controle de Jack Cooper, um fuzileiro que aspira à piloto. Em uma das missões, Cooper e seu treinador, o Capitão Tai Lastimosa, são surpreendidos por um ataque da IMC, onde Lastimosa é mortalmente ferido. Antes de partir, o oficial transfere o controle do seu Titã a Jack, que deve então continuar a missão.

Mesmo que o script falhe ao arremessar o jogador direto ao ponto, sem uma explicação mais consistente, o desenvolvimento das ações é cativante.

O enredo centra-se no combate entre a Milícia e a IMC, uma corporação interestelar baseada na Terra, que ao longo de vários anos foi impondo seu poderio econômico, restringindo liberdades e direitos, gerando um inevitável embate entre colonos da Fronteira e a organização exploratória.

Logo no início, o inexperiente piloto tem contato com sua companhia, BT-7274, um titã da classe Vanguard que orienta o miliciano durante toda campanha.

Ambos vão construindo uma relação bastante peculiar, entre homem-máquina. Cada um zelando pela segurança e sobrevivência do outro. E este é um dos charmes do jogo.

A amizade e respeito entre as partes vai se edificando através de diálogos muitas vezes cômicos. A pragmática inteligência artificial do robô não entende os sarcasmos e ironias dos humanos, gerando situação divertidas.

Aos poucos, Jack e BT se tornam uma dupla consistente, tanto em desempenho quanto em ligação. O envolvimento emocional não chega a ser como Baymax e Hiro Hamada de Operação Big Hero, mas envolve.

E esta relação floresce durante as missões do jogo. Elas são muito bem arquitetadas, não são cansativas e progridem consistentemente. Um ponto bastante positivo, principalmente por se tratar de um gênero que explora com receio narrativas deste calibre.

Os cenários são amplos e muitas vezes repassam a sensação de sandbox, mesmo que sejam lineares. Com isso, abre-se um leque de gameplay, com busca de colecionáveis e exploração dos ambientes.

Outro ponto de destaque são os desenhos dos níveis. Eles instigam o uso das habilidades de salto duplo e andar pelas paredes. É incrível como a combinação de vários movimentos resulta em uma experiência agradável.

O jogo alterna diversas vezes em partes onde controla-se o titã e em outras com o piloto. A combinação está no tom exato para propiciar uma experiência completa.

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Os pontos altos ficam por conta das batalhas conta os “chefes” e em determinados momentos onde é possível fazer alterações temporais. Por meio de um dispositivo, Jack consegue estar no mesmo lugar só que em épocas diferentes.

O visual também está em alto nível, com explosões bonitas, belas paisagens e ótima direção de arte. Entretanto, os modelos dos personagens humanos ainda deixam um pouco a desejar.

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Mas, mesmo com brilhantismo, Titanfall 2 ainda sofre com os mesmos percalços dos outros FPSs. Sua campanha é curta. Leva-se entre 6h a 7h para ser concluída e ela finaliza de uma maneira pouco inteligente, abrupta. Fica um vazio e algumas perguntas.

Aos brasileiros, fica a boa notícia: o jogo está totalmente localizado e o trabalho de dublagem está ótimo, exatamente o que todos esperam.

Um jogo para chamar de seu

Se havia alguma dúvida em relação ao game, ela já não existe mais. Titanfall 2 consolida a franquia e se apresenta com uma opção de altíssimo nível. Não é nenhum absurdo afirmar que o título da Respawn Entertainment concorre ao prêmio de shooter do ano.

Seu multiplayer dinâmico, cheio de novidades e sua campanha arrebatadora, mesmo que curta, são suas credencias que o colocam na primeira fileira de apostas.

Daniel dos Reis
Daniel dos Reis
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Jogando agora: Horizon Forbidden West (PC)
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