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XCOM 2: Vale a pena?

por Renan Klopper
XCOM 2: Vale a pena?

X-COM, a franquia que praticamente dita o ritmo do gênero “estratégia baseado em turnos” atualmente e que teve seu reboot há 3 anos, está de volta com XCOM 2.

Quase 20 anos após a criação da série, XCOM: Enemy Unknown (que chamaremos também de EU) chegou aos PCs e aos consoles como um reboot. Foi muito bem aceito pela crítica e atraiu o interesse das novas gerações para a franquia.

Com o relativo sucesso alcançado por EU, XCOM 2 chega com um enredo um tanto quanto adverso, a mesma temática e novas propostas de jogabilidade para mostrar que o gênero se fortalece cada vez mais.

Será que o título desenvolvido pela Firaxis e publicado pela 2K conseguiu atender às expectativas? Confira nossa análise!

https://youtu.be/2G1uCVIbWx0

Contra o regime ditatorial alienígena

A história de XCOM 2 já começa anulando praticamente tudo que vimos no título anterior.

O enredo parte da premissa que nós falhamos em defender a Terra da invasão alienígena. Na verdade, os seres humanos acabaram caindo em uma “conversinha” e aceitaram um tipo de aliança com os chamados Elders.

Aliança esta que mais se assemelha a uma espécie de escravidão. Os alienígenas literalmente dominaram a terra e estão construindo seus prédios, monumentos, e até fazem pesquisas e experimentos com corpos dos terráqueos.

Cabe à XCOM, a última linha de frente que ainda resiste e combate as forças da ADVENT (grupo criado pelos alienígenas mesclados com os humanos), libertar a Terra deste regime ditatorial.

Com isso, nossa primeira missão é resgatar o “commander”, protagonista do jogo, 20 anos apóis dos eventos acontecidos em Enemy Unknown, e que vai liderar a resistência contra as forças da ADVENT ao longo da trama.

Oficial da ADVENT em XCOM 2
Oficial da ADVENT em XCOM 2

Melhorias pontuais à fórmula já conhecida

A jogabilidade de toda a franquia X-COM é algo muito bem trabalhada, arquitetada e característica de toda a série. Como um jogo tático baseado em turnos, XCOM 2 entrega exatamente o que o jogador espera.

O level design é primoroso. O jogador consegue utilizar cada objeto dos cenários como proteção para os inimigos e até para se esconder enquanto está em modo stealth, chamado de Concealment.

Essa nova mecânica, implementada em XCOM 2, se faz presente de forma muito natural dentro do enredo do game. Dessa vez não estamos mais nos protegendo de invasões. Nós somos os invasores, por assim dizer.

Variedade de opções de abordagens proporcionadas pelo cenário de XCOM 2
Variedade de opções de abordagens proporcionadas pelo cenário de XCOM 2

O concealment permite que nossa equipe, basicamente composta de 4 jogadores no início, se mantenha imperceptível. Isso nos dá tempo para nos organizarmos e procurarmos a melhor forma de abordar o inimigo e literalmente destruí-los assim que nos virem.

Uma outra nova mecânica implementada é o hacking. Uma tendência em diversos jogos do momento, hackear nos permite invadir estruturas, abrir fechaduras, entrar em sistemas e desabilitar medidas de segurança. O hacking também pode ser utilizado remotamente por meio de uma das classes do game, o que dá ainda mais dinâmica aos confrontos.

Especialização do pelotão

Em XCOM 2 os soldados começam sempre como rookies. De acordo com seu rendimento em sua primeira missão, o soldado pode ser promovido. Juntamente com a sua primeira promoção, este adquire uma classe aleatoriamente.

As classes disponíveis são Grenadier, Ranger, Specialist e Sharpshooter. Mais pra frente, o Psi Operative também pode ser habilitado.

Cada uma das classes traz dinamismo ao gameplay. Enquanto o Ranger é especializado em combate corpo a corpo com uma shotgun e uma espada, o Sharpshooter, com seu rifle sniper, se dá melhor em posições mais favoráveis e com uma visão mais ampla do que acontece no campo de batalha.

O Specialist e seu GREMLIN, os drones companheiros da classe.
O Specialist e seu GREMLIN, os drones companheiros da classe.

Já o Grenadier utiliza uma metralhadora e lança granadas para fazer estrago em áreas, enquanto o specialist é o hacker do grupo.

Cada classe traz sua peculiaridade e dinamismo ao gameplay, fazendo com que cada escolha que o jogador faça seja crucial. Isso emula o que seria uma situação real dentro do jogo.

Administrando recursos

Essa de fato é a parte complexa do jogo, e que provavelmente é capaz de afastar os jogadores.

XCOM 2 está longe de ser um jogo basicamente voltado ao combate. Muito pelo contrário. A administração dos recursos da Avenger, nossa nave-base, é o que vai ditar o rendimento do jogador até nos combates. E também é isso que vai afastar muita gente que chega ao jogo desavisada.

Para escrever a análise foram necessárias três campanhas. A complexidade das escolhas relacionadas ao que você vai fazer primeiro, como vai fazer, no que vai focar, quais são seus rumos, é tamanha que se torna muito mais fácil que o jogador vá por caminhos não tão amigáveis, o que pode comprometer todo o gameplay.

Não que administrar praticamente uma força de defesa de um planeta inteiro seja fácil, mas o jogo dá tantas opções que é muito fácil o jogador se perder e acabar pagando por isso.

O complexo Geoscape e sua infinidade de opções em XCOM 2
O complexo Geoscape e sua infinidade de opções em XCOM 2

Resumindo da melhor maneira possível, precisamos de recursos para recrutar soldados, melhorar suas armas, comprar novos dispositivos, pesquisar novas tecnologias e etc. Precisamos também fazer contato com as regiões para que possamos fincar a bandeira da resistência e lutar contra os alienígenas. Para tanto precisamos de intel.

Recrutamos engenheiros, para melhorar nossas construções e impactar na força de nossa base e também cientistas, que tornam mais rápidas as pesquisas.

Enfim, é tudo muito amarrado mas existe uma infinidade de escolhas que são bem minuciosas e nem sempre fáceis de fazer pois, ao decidir por dar continuidade a uma pesquisa, por exemplo, os alienígenas podem estar se fortalecendo e assim a XCOM pode acabar perdendo a batalha. O que resulta em um game over.

Efeitos gráficos, sonoros e uma pequena bola fora

Tecnicamente XCOM 2 faz o feijão com arroz e não compromete. Os ambientes são bem projetados, os gráficos são limpos e os cenários têm sua beleza particular.

Os efeitos sonoros são muito bem utilizados e ditam o tom dos combates, enquanto a trilha sonora trabalha bem de pano de fundo e algumas, principalmente a de preparação para a batalha, são ótimas e não saem da cabeça.

Infelizmente, temos que falar da falta de localização para Português do Brasil do título. Não disponibilizar tal opção, nem que fosse apenas nas legendas, compromete muito a compreensão, tanto do enredo quanto em algumas técnicas de batalha, e afeta na receptividade do público mais geral.

Para piorar as coisas, as legendas são muito pequenas e difíceis de enxergar. Em muitas vezes, esta se mescla ao ambiente. Isso faz com que o jogador se canse até que pare de tentar ler e compreender o que se passa no jogo. Uma pena.

Viper, um dos temíveis inimigos em XCOM 2
Viper, um dos temíveis inimigos em XCOM 2

Problemas técnicos

XCOM 2 é um excelente jogo… que também tem seus problemas.

Além do tamanho das legendas, já discutido no item acima, o jogo tem algumas quedas na taxa de quadros que chegam a dar certa agonia em alguns momentos, principalmente alguns travamentos na tela em cutscenes.

As telas de loading também são um pouco longas. No entanto, isso é bem mascarado com algumas dicas e uma tela onde nossos objetivos são explanados antes de entrarmos nas missões.

O principal, e mais irritante dos bugs, foi um crash repentino durante uma missão que estava sendo conduzida de maneira primorosa. Infelizmente foi toda por água abaixo. Tela azul; Relatar problema; Reiniciar o console e fazer tudo de novo com um semblante triste no rosto.

Tiros que simplesmente atravessam paredes durante o combate são coisas das quais os jogadores de XCOM ficam à vontade para fazer vista grossa. E não prejudica em rigorosamente nada em questão de gameplay.

Poucas coisas são mais prazeirosas do que um tiro na cara de um faceless
Poucas coisas são mais prazeirosas do que um tiro na “cara” de um faceless

Afinal, vale a pena?

A versão para o PlayStation 4 de XCOM 2 é um port que foi muito bem adaptado. Os benefícios trazidos pelo uso de um mouse são muito bem mapeados para o uso do DualShock 4, mesmo que o controle da câmera ainda não seja dos melhores.

A jogabilidade é agradável. O título faz com que as novas mecânicas sejam muito bem implementadas à proposta do gameplay tático baseado em turnos. Cada combate oferece inúmeras opções de abordagem, o que faz com que os jogadores possam apreciar o jogo de diversas formas possíveis.

A falta de uma localização é crucial para os jogadores brasileiros. Infelizmente, isso afeta muito na receptividade do público e acaba afastando possíveis admiradores do gênero.

Como se trata de um game onde a compreensão das táticas e escritas é essencial para o progresso, a falta de ao menos legendas poderá afugentar muitos interessados. Em pleno 2016, onde a imensa maioria dos jogos conta com algum tipo de adaptação para nosso mercado, torna-se incompreensível um lançamento sem suporte ao nosso idioma.

3 - Selo de Prata

Renan Klopper
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Jogando agora: Nada no momento.
Ex-redator.