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E3 na história: os piores momentos na E3

Confira as maiores decepções que já aconteceram na feira.

por Hugo Bastos
E3 na história: os piores momentos na E3

Você está ansioso. A desenvolvedora daquele jogo que você tanto quer cria um hype gigantesco para sua apresentação na E3. Você separa um tempo exclusivo só para acompanhar a sua apresentação. Mas tudo sai errado, e agora ela integra a infame lista dos piores momentos na E3, em suas apresentações.

A bola da vez foi a conferência da Square Enix do dia 11, segunda-feira. Muito se esperava sobre o que iria ser anunciado. Alguns jogos eram aguardadíssimos – em especial, o lendário remake de Final Fantasy VII. Os ânimos estavam à flor da pele. Mas todos fomos recepcionados por 30 minutos de vídeos, o que deixou muitos sem saber o que realmente aconteceu ao final.

Parecia que, no fim da apresentação, alguém tinha apertado o botão “Eject” sem querer, e terminado o showcase prematuramente. O fiasco repercutiu em diversas mídias especializadas. Alguns chegaram a declarar que foram os “30 minutos mais desperdiçados de suas vidas”.

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Nosso redator, Raphael Batista, e seus artigos engatilhados. Sonhos despedaçados em um piscar de olhos. Pobre garoto!

Os 7 piores momentos na E3

Com isso, eu, que sou adepto do caos e desordem, resolvi fazer uma pesquisa, e compilei (com a ajuda do site VG24/7) sete conferências na E3 que se transformaram em verdadeiros fiascos. Algumas apenas causaram vergonha alheia. Outras acabaram por manchar o nome da empresa por muitos anos à frente.

Confira abaixo (em ordem cronológica) e não deixe de conferir nossa cobertura da E3:

Killzone 2 na conferência da Sony (2005)

Vamos começar cortando na própria carne. Killzone não cumpriu com o que foi prometido, e a Sony precisava se redimir. O PS3 acabara de ser anunciado, e jogos já começavam a ser mostrados. O que se viu na revelação de Killzone 2 era algo fantástico.

O video mostrava uma cena de batalha de forma absurdamente real. Personagens e cenários fotorrealistas, tiros e sangue voando para todos os lados. A plateia ficou abismada. Tudo era muita bom. Até demais para ser verdade. Então, comentários começaram a circular, alegando que tudo não passava de uma montagem.

O nível de detalhes seria impossível renderizar em tempo real no PS3, com as especificações da época. Além disso, o áudio estaria dessincronizado. Altos executivos da Sony (incluindo Jack Tretton e Phill Harrisson), em entrevistas, alegaram que o que era mostrado seria, de fato, “gameplay real, feito com as especificações do PlayStation 3”.

A farsa, no entanto, durou pouco. Revelou-se que o vídeo era, na verdade, um “video-alvo”: uma meta a ser alcançada. O produto final era muito bom, sem dúvidas, mas não chegava perto do que foi mostrado. Em um mundo onde constantemente somos ludibriados por vídeos fantásticos (cof”Ubi”, cof”Soft”), você pode, de certa forma, “culpar” a Sony por isso.

O anúncio do PlayStation 3 (2006)

De novo? Que coisa feia, dona Sony. Quem não se lembra do fantástico anúncio do primeiro PlayStation lá em 1994. Pois bem. Este foi exatamente o oposto do que aconteceu naquele ano. Durante a revelação do PS3, o então presidente da Sony, Kaz Hirai, subiu ao palco para anunciar um console com um preço surreal até para os padrões americanos.

De forma prepotente, tentou convencer a audiência que um videogame de US$ 600 valia trabalhar em dois empregos. Ele ainda tentou fazer alguns gracejos, para animar a plateia, ao anunciar Ridge Racer. Não adiantou. A situação do preço do PS3 foi tão séria que a Sony oferecia gratuitamente TVs na compra de um console no Reino Unido.

https://youtu.be/IH2w2l1JTs4

Para completar, os desenvolvedores de Genji: Days of the Blade subiram ao palco para dizer que o título era baseado em “histórias e batalhas japonesas reais”. De repente, um caranguejo gigante salta da tela. Eles então continuaram explicando que para mata-lo era necessário “acertar seu ponto fraco nas costas”. Sim, muito real e factual.

O resultado disso todos sabem. Perdas imensas, demora para engatilhar o console, e ver a concorrência abrir uma larga vantagem, que só foi recuperada já no fim do ciclo de vida do PS3. Uma lição dura que a Sony precisou aprender.

Jamie Kennedy na conferência da Activision (2007)

Jamie Kennedy é um comediante stand-up famoso nas terras americanas. Ele possui quase 30 anos de trabalho. Então, a Activision pensou que seria uma boa ideia chama-lo para a sua apresentação. No entanto, não foi bem algo que se pode chamar de “sucesso”.

O comediante foi tudo, menos engraçado. Ele parecia irritado sem motivo, fazendo piada com tudo e com todos. Dirigia-se aos participantes como “virgens” e chegou a perguntar se Neversoft (uma subsidiária da Activision) era uma marca de viagra. Ele parecia simplesmente dizer quaisquer bobagens que viessem a sua cabeça.

Em um dado momento, um dos participantes resolve “enfrentar” o comediante, que acaba sendo “enquadrado”. Um outro, para atiçar ainda mais, grita da plateia: “ele é mais divertido que você”. Uma experiência que, certamente, a Activision quer esquercer.

Kinect na conferência da Microsoft (2009)

Apesar de já descontinuado, a ideia do Kinect era inovadora à sua época. Um aparelho que permitiria jogar sem controles, apenas com o movimento do corpo. Com um brasileiro no time de desenvolvimento, o periférico foi mostrado pela primeira vez na E3 2009. E, claro, uma demonstração, para mostrar seus recursos, aconteceu no palco.

O que não se esperava era que uma situação, bastante inusitada, iria acontecer durante o showcase. A gigante da informática tentava mostrar as capacidades de copiar o movimento do corpo inteiro, com o avatar na tela repetindo os gestos do apresentador.

O problema foi quando ele resolveu mostrar a “sola do sapato do avatar”. A expressão ficou mundialmente conhecida, pois ao tentar repetir o movimento do diretor criativo do Kinect, Kudo Tsunoda, o avatar se contorceu frenética e agoniantemente, em espasmos que pareciam um ataque epilético, até retornar ao seu estado original.

Ao menos, no fim, sabemos como é a sola do sapato de um avatar.

A conferência da Konami (2010)

Pode-se dizer que a Konami abandonou quase completamente o mundo dos consoles. Com apenas PES como franquia de peso, o foco da desenvolvedora agora são os jogos mobile. Mas houve um tempo em que ela marcava presença na feira. Em algumas dessas vezes, de forma bastante controversa.

Toda sua conferência em 2010 foi estranha. Para exemplificar, o produtor do título Ninety-Nine Nights II, Tak Fujii, comentou que se o jogador “apertar repetidamente os mesmos botões, como X,X,X, Y,Y,Y, e então X,X e Y,Y, novamente”, ele seria… “sugado”. Certamente, uma fala constrangedora.

Outra situação inusitada foi quando um dos desenvolvedores de Silent Hill: Downpour se negou a sair do palco, quando seu colega foi ao microfone. Ele ficou lá, encarando-o ameaçadoramente, como se quisesse consumir sua alma.

Senhor Cafeína na conferência da Ubisoft (2011)

Quando você faz piadas de cunho sexual, é importante escolher o lugar e o momento. Faltou isso para o Senhor Cafeína (Mr. Caffeine), durante sua apresentação na conferência da Ubisoft, na E3 de 2011. Tente assistir ao vídeo abaixo e não morrer de vergonha alheia.

Comentários de duplo sentido, relacionados aos controles de movimento das diversas plataformas, como “devemos nos ‘kinectar'”, ou “aqui, segure meus controles de movimento mágicos”, eram feitos de forma direta. O público, claro, se mostrava bastante incomodado.

Além do mais, o ator produzia barulhos estranhos a cada nova revelação. Isso tornou o que era para ser uma conferência em um teatro infantil, cercado de momentos embaraçosos.

Xbox One na conferência da MS (2013)

A apresentação, que tinha atenção do mundo todo por revelar a nova geração oficialmente, confirmou algumas das polemicas especuladas anteriormente. Ao invés de focar nos jogos, a MS preferiu ressaltar as capacidades multimídia do console.

O que, por si só, foi um passo muito em falso, visto que, por exemplo, o recurso de TV estaria disponível, inicialmente, somente nos Estados Unidos.

Continuando a sequência de tropeços, o console chegaria custando US$ 500 pela obrigatoriedade da compra casada com o Kinect. Além disso, havia ainda a restrição a jogos usados, a necessidade de conexão constante com a internet para funcionar, e a falta de jogos de peso no lançamento.

A cereja do bolo foi a fala do então presidente da Divisão de Entretenimento Interativo da MS, Don Mattrick, que teve a petulância de declarar que aqueles sem acesso internet deveriam adquirir o Xbox 360. Toda essa sequência de erros crassos tomou proporções enormes. 90% dos recursos anunciados não chegaram ao produto final, com a alegação de que a empresa “ouviu o feedback da comunidade”.

A Sony abriu larga vantagem após o anúncio bem sucedido do seu PlayStation 4. E muitos veículos de comunicação, até mesmo aqueles especializados na plataforma da Microsoft, ainda consideram essa a mais desastrosa conferência da história.

A situação escalou de tal forma que até mesmo a revista Edge, então importante periódico do Reino Unido, chegou a declarar na capa da edição de agosto que o PS4 “era seu próximo console”.

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Nem a Edge perdoou a Microsoft.