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Opinião: o PlayStation VR merece todas as críticas?

Óculos de realidade virtual da Sony é relevante sim - mesmo que não tenha feito tanto sucesso no Brasil.

por Thiago Barros
Opinião: o PlayStation VR merece todas as críticas?

Este é um artigo de opinião.

primeiro State of Play foi muito focado em PlayStation VR – com destaque, claro, para o jogo do Homem de Ferro na plataforma. E isso irritou muita gente, que logo correu para as redes sociais (e os comentários do Meu PS4) para reclamar disso – o que é totalmente compreensível. 

Mas aí começaram a surgir argumentos diminuindo o PSVR e a importância dele para a indústria. É nesse ponto que precisamos ter calma e não deixar emoções falarem mais alto do que a razão. Discutir a relevância do gadget da Sony, que já vendeu 4,2 milhões de unidades, é algo, no mínimo, curioso.

Afinal, um produto que é um flop não tem como ser líder de marketshare da sua categoria – com ampla vantagem para Rift e Vive, por exemplo. E não é porque, infelizmente, ele não é tão acessível no Brasil que não tenha sua importância no mercado internacional.

“Ah, mas a Sony vendeu 100 milhões de PS4 e só 4 milhões de PSVR”.

Esse argumento não tem lá tanto sentido assim, né? O PSVR saiu três anos depois do PS4 – e por um preço igual ao do console. Sem contar que o próprio PS4 continua sendo vendido “que nem água” nos últimos anos. No ano fiscal de 2018, a previsão da empresa era de fechar com 17,5 milhões de unidades vendidas.

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Ou seja, muita gente ainda estava/está comprando o PlayStation 4 em si, sem nem pensar no PSVR. Até porque ele pode ser mais caro do que o console em si. E não somente no Brasil. Nos EUA, por exemplo, um bundle com dois jogos, a câmera e controles PS Move sai por US$ 350. O PS4 comum é US$ 299.

E outra coisa que é simples: se há mais de 90 milhões de pessoas que poderiam comprar um óculos, por que não divulgar massivamente o produto, com os jogos novos e em uma plataforma com tanta audiência quanto o State of Play, para dar aquela vontadezinha nelas?

“Ah, mas o PlayStation VR não tem nem jogo”

Bom, depende do que você chama de “jogo”. Títulos AAA de franquias famosas, realmente, não tem. Só Resident Evil 7 – que é uma baita experiência com o VR, diga-se de passagem. Mas não é por isso que é uma plataforma sem games. O próprio State of Play foi um exemplo disso.

Vêm aí, por exemplo, No Man’s Sky e sua exploração, a aventura com Iron Man VR, além do terror de Five Nights At Freddy’s. Sem contar o amplo catálogo que está disponível na PlayStation Store. Na loja americana, são mais de 400 títulos. Na brasileira, mais de 300.

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Alguns aclamados, como Moss, Beat Saber e Astro Bot, outros super divertidos, como Until Dawn Rush of Blood, Firewall e Farpoint. Tudo isso em menos de 3 anos de vida de um acessório que usa uma tecnologia super cara e complexa – onde é bem mais fácil as coisas darem errado do que o normal.

“Ah, mas o PlayStation VR enjoa”

Essa realmente é uma crítica válida. Muita gente fica enjoada jogando, e quanto a isso não há muito o que fazer. Entretanto, não é uma regra, e você só vai saber a sua reação aos óculos quando testá-lo (e ela pode variar também de um jogo pro outro; com Wipeout, por exemplo, é impossível não dar uma enjoadinha).

E há também outros pontos a desenvolver no PlayStation VR. O número de cabos para ele funcionar, por exemplo, é surreal. Além da qualidade da imagem, que não chega nem perto do que é o visual do PlayStation 4 (é compreensível, porque seu hardware é mais limitado, mas ainda assim pode decepcionar).

“Ah, mas eu só compro o PlayStation VR quando estiver R$ 200”

Sem falar, obviamente, no preço. Já caiu bastante, e hoje é possível encontrar um kit com óculos, jogo, câmera e dois PS Move por R$ 1800 na Americanas. O valor é alto e, claro, ainda há os preços dos jogos nos quais você terá que investir (além dos títulos tradicionais do PS4 que eventualmente quiser comprar).

Além disso, há rumores de que uma nova versão do VR está vindo aí com o PS5, então pode não fazer tanto sentido comprar um agora. Pelo menos, nos mercados como o Brasil, em que o valor é realmente muito alto para a maior parte da nossa população. Ele custa, praticamente, a mesma coisa que um PS4 Slim aqui

Portanto, é mais do que compreensível não querer comprá-lo por causa do preço.  Realmente, ele é caro, não acessível para muitos, e isso acaba gerando uma coisa bem parecida com o que vemos com o PS4 Pro: afirmações de que ele não vale a pena sem sequer testar de verdade.

“Ah, mas o PlayStation VR não é nada demais”

Se você já testou o PSVR e acha isso, sua opinião deve ser respeitada. Mas não saia por aí repetindo isso sem ter vestido os óculos/capacete da Sony. O gráfico poderia ser melhor? Sim. Ele poderia ser mais confortável? Claro. Os fios irritam? Com certeza. Mas a imersão vale cada dificuldade.

Os sustos nos jogos de terror, os tiros com o Aim Controller, os “sabres” de Beat Saber com o PS Move. Até cabeçadas na bola em Headmaster. As experiências são incomparáveis. A realidade virtual é uma tecnologia incrível – e que o PSVR está ajudando a popularizar; vendendo mais do que todos os concorrentes.

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Por isso, pare de tentar diminuir a importância dele. É natural essa frustração após termos poucas grandes novidades para o PS4 tradicional no primeiro State of Play, mas não desconte no PSVR. Pode não ser a sua realidade, mas ele é relevante – e muito – para a Sony e para o mercado, sim.