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Ex-roteirista de Uncharted diz que ‘público não compra jogos single-player’

Segundo Amy Hennig, roteirista dos três primeiros jogos de Uncharted, plataformas de streaming estariam prejudicando jogos single-player.

por Bruna Mattos
Ex-roteirista de Uncharted diz que 'público não compra jogos single-player'

Amy Hennig, que ficou inicialmente conhecida por ser a roteirista dos três primeiros jogos da série Uncharted, fez uma declaração um tanto polêmica sobre jogos single-player.

A fala surgiu durante um bate-papo publicado pelo Polygon com Sean Vanaman, também roteirista de games, incluindo The Walking Dead da Telltale.

Hennig acredita que as pessoas não se interessam mais por jogos single-player. Um dos motivos seria a disseminação das plataformas de streaming e a transmissão de jogos na íntegra por influenciadores digitais.

Eu não entendo muito bem o fenômeno do streaming. Ironicamente, o que estamos vendo, para jogos que eu faço, que várias pessoas não querem jogá-los. Eles só querem assistir ao jogo ser jogado (…) Esperamos que as pessoas vão comprar nosso jogo – se criamos um jogo de 60 dólares, relativamente linear, focado em experiência narrativa – sentimos que muitos deles estão optando por assistir alguém jogar – Amy Henning

Vanaman discordou veementemente da colega. Ele considera o streaming uma ferramenta importante que pode tornar seu jogo conhecido para um público ainda maior – que pode assistir a um gameplay do jogo e, ainda assim, comprá-lo e jogá-lo.

Existem tantos consumidores em potencial, dezenas e dezenas de milhões. A melhor coisa que podemos fazer para o jogo é levá-lo ao maior número de pessoas e fazê-las acreditar que é excelente e o mais divertido possível – Sean Vanaman

Hennig completou sua fala afirmando que atualmente “gasta-se milhões” em um jogo baseado em história que muitas vezes não tem seu valor considerado a longo prazo. A roteirista provavelmente se refere ao “fator replay”, que tende a ser imensamente maior em jogos multiplayer quando comparados aos single-player. “Bem, por que alguém compraria um jogo desses se pode simplesmente assistir alguém jogando?

O debate entre os dois roteiristas é pertinente. Muitos jogadores apreciam experiências solos e as histórias contadas por muitos games. Em contrapartida, boa parte do público também se preocupa com o custo-benefício desta experiência, que incluem fatores como horas de jogo, conquistas, coletáveis ou outros elementos que aumentem a vida útil do jogo. Essa questão poderia ser um influenciador na popularidade dos jogos de mundo aberto, com mapas cada vez maiores e um número imenso de missões, garantindo muitas horas de gameplay.

De que lado você está? O que você leva em consideração na hora de comprar um game?